Mercado automóvel cresce 5% desde o início do ano

Há 12 meses consecutivos que carros movidos a energias alternativas aos combustíveis fósseis representam a maioria das novas matrículas. Chinesa BYD é a marca que mais cresce. Peugeot continua líder.

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Sérgio Azenha (Arquivo)
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Nos primeiros dez meses deste ano foram colocados em circulação 205.649 novos veículos em Portugal, o que representa um aumento de 5% relativamente ao mesmo período de 2023. Os dados são divulgados nesta segunda-feira pela ACAP - Associação Automóvel de Portugal e mostram que, pelo 12.º mês consecutivo a maior quota de mercado pertence a carros com motores movidos a energias alternativas (electricidade e GPL).

Comparando o desempenho do mercado em Outubro de 2024 com o do mesmo mês do ano passado, verifica-se um aumento homólogo de 10%, para 18.653 novos carros em circulação. Deste total, 15.291 são ligeiros de passageiros (mais 10,3% em termos homólogos), 2530 são ligeiros de mercadorias (mais 4,7%) e 832 são pesados (mais 23,4%).

Olhando para todo o ano até 31 de Outubro, a quota de carros exclusivamente movidos a combustíveis fósseis está nos 44%. A última vez que este tipo de motores representava a maioria das vendas acumuladas foi em Setembro de 2023, quando equivaliam a 50,5% das vendas.

No entanto, a partir de Outubro de 2023, as chamadas energias alternativas passaram a dominar, com quotas acima de 50%, e nunca mais perderam a dianteira. Em Outubro de 2024, representavam já 56% das vendas desde o início do ano.

A denominação energias alternativas, usada pela ACAP, é bastante abrangente, e pode até transmitir uma ideia errónea. Esta classificação inclui carros que não usam combustíveis fósseis, como os eléctricos (que ao fim de dez meses de 2024 têm uma fatia de 18,8% das vendas), os carros a GPL, mas não só.

A ACAP também inclui naquela categoria carros que têm um motor que usa combustíveis fósseis, como os híbridos plug-in, os híbridos convencionais e os híbridos não eléctricos. Todos os modelos destas três tipologias têm motores eléctricos ou a GPL de menor autonomia e por isso são vendidos com um motor principal a gasóleo ou a gasolina.

Por marcas, a Peugeot continua líder tanto nos ligeiros de passageiros como nos de mercadorias. Mesmo assim, regista um recuo nas vendas desde Janeiro, de 3,6%. A Mercedes e a Dacia são as segunda e terceira marca mais vendida este ano.

Apesar disso, olhando somente para o comportamento do mercado nacional em Outubro, e apenas nos ligeiros de passageiros, a BMW e a Renault superaram em número de matrículas tanto a Mercedes como a Dacia.

Já a marca que mais cresceu, tanto em Outubro como no acumulado do ano, é a chinesa BYD. As vendas aumentaram mais de 400% no mês passado e, desde Janeiro, o aumento é de quase 1000%.

Mesmo que as 2221 unidades vendidas este ano representem ainda uma fatia muito pequena dos mais de 174 mil ligeiros que entraram em circulação em Portugal, é um facto que a BYD é a marca que mais acelera.

Outra marca chinesa, a MG, cresceu 103% em Outubro e aumentou em 127% as vendas desde Janeiro.

Isto pode estar relacionado com um aumento de importações daquelas duas marcas para o mercado europeu e nacional, de modo a evitar o agravamento de preços decorrente do "castigo" que a Comissão Europeia decidiu aplicar a todos os eléctricos importados da China.

Bruxelas confirmou na semana passada a sua decisão de impor direitos aduaneiros adicionais à taxa de 10% já em vigor, de modo a "corrigir" o que entende ser a concorrência desleal das marcas chinesas, que praticam preços mais baixos nos seus modelos do que os restantes concorrentes.

Após uma investigação aprofundada, o executivo europeu concluiu que isso se deve a ajudas de Estado que o Governo de Pequim concede aos fabricantes na China, incluindo alguns europeus.

A BYD, que superou recentemente a norte-americana Tesla nas vendas trimestrais em todo o mundo, terá de pagar mais 17% de direitos aduaneiros por cada unidade que exporte para os países do mercado único europeu.

Esta decisão é justificada pela Comissão Europeia com a necessidade de defender a indústria automóvel europeia.

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