Mourinho ao ataque: “Se me tivessem contado tudo, não teria vindo para o Fenerbahçe”
Após uma vitória sofrida na liga turca, o treinador português apontou o dedo ao VAR e disse estar a lutar contra um sistema que o quer manter calado.
Seja no Porto, em Londres ou em Istambul, José Mourinho é José Mourinho e, mais uma vez, o treinador português conseguiu conquistar espaço mediático sendo polémico. Menos de uma semana depois de garantir que “nos próximos dois anos, ninguém” o irá “tirar do Fenerbahce”, Mourinho não poupou nas palavras após conseguir uma vitória difícil no terreno do Trabzonspor. Colocando o futebol turco no ponto de mira, o técnico disparou em quase todas as direcções: “Jogámos contra o VAR, jogámos contra o sistema. Ganhámos contra gente muito, muito forte. Se me tivessem contado tudo, eu não teria vindo para o Fenerbahçe.”
Contratado no início da época com o objectivo de recolocar o Fenerbahçe de novo no topo do futebol turco – a equipa no lado asiático de Istambul não ganha o título há uma década -, Mourinho tem-se deparado com um obstáculo que não tem conseguido controlar: a qualidade do Galatasaray.
Campeão nas duas últimas época, sempre com o Fenerbahçe como “vice”, o Galatasaray tem um dos ataques mais temidos do futebol europeu, com jogadores como Icardo, Osimhen, Batshuayi ou Mertens, e, ao fim de dez jornadas, leva já cinco pontos de avanço sobre o Fenerbahçe, tendo vencido no derby de Istambul a equipa de Mourinho, por 3-1.
Numa posição incómoda na Liga turca, o treinador português, após empatar a 24 de Outubro na Turquia com o Manchester United - jogo onde foi expulso - aproveitou a conferência de imprensa no final da partida da Liga Europa para, de cara fechada, disparar contra a UEFA: “Acho que a melhor coisa que tenho a fazer é, quando deixar o Fenerbahçe, ir para um clube que não jogue nas competições da UEFA. Se algum clube do fundo da tabela em Inglaterra precisar de um treinador daqui a dois anos, estou pronto para ir.”
Cinco dias depois, o discurso mudou. Em entrevista à Sky Sports, o português garantiu que apenas tinha feito “uma piada”. “Nunca irei para uma equipa que luta contra a despromoção. Tive três clubes em Inglaterra e adoro o país. Londres é a minha casa, por isso um dia tenho de voltar, a não ser que ninguém me queira. Mas não me interpretem mal e vamos ser muito claros: nos próximos dois anos, ninguém me vai tirar do Fenerbahçe.”
Porém, neste domingo, e depois de mais um jogo muito “quente” na Liga turca, onde garantiu a vitória frente ao Trabzonspor aos 90’+12’, Mourinho, durante uma flash interview de oito minutos, reajustou o discurso, desta vez virado para consumo interno. Dizendo que “os turcos deviam falar mais e denunciar o que se passa” e que o “sistema” que mantê-lo calado, Mourinho disse que falava “em nome de todos os adeptos do Fenerbahçe”, depois de ter jogado “contra o VAR, contra o sistema” e “contra gente muito, muito forte”. Por isso, garante sentir-se enganado pelos responsáveis do clube que o contratou: “Estou zangado com as pessoas do Fenerbahçe que me trouxeram para aqui, contaram-me metade da história, não me contaram a verdade toda. Se me tivessem contado tudo, eu não teria vindo para o Fenerbahçe.”