Cheias na Catalunha inundam aeroporto, cancelam comboios e afectam hospitais

Chuvas torrenciais deixam Barcelona sob aviso vermelho. Em Valência, ainda há localidades com proibição de acesso e aulas só são retomadas na terça-feira.

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O Aeroporto de El Prat, aeroporto internacional de Barcelona, teve de atrasar ou cancelar cerca de 50 voos,O Aeroporto de El Prat, aeroporto internacional de Barcelona, teve de atrasar ou cancelar cerca de 50 voos Europa Press News / Getty Images,Europa Press News / Getty Images
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Passageiros retidos no Aeroporto Internacional de Barcelona TONI ALBIR / EPA
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Limpezas em Valência continuam ANA ESCOBAR / EPA
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Escolas ainda estão encerradas ANA ESCOBAR / EPA
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Depois de Valência, a Catalunha sofre agora os efeitos do fenómeno meteorológico conhecido como DANA. As fortes chuvas causaram inundações na localidade de Prat de Llobregat, onde fica o aeroporto da cidade de Barcelona, e levaram ao corte no serviço de caminhos-de-ferro em redor da capital catalã.

Mais a sul, em Tarragona, várias estradas foram cortadas e os acessos em nove municípios da região foram limitados. Segundo o presidente da câmara de Tarragona, Rubén Viñuales,​ choveu com uma "intensidade muito alta, 150 litros por metro quadrado numa hora".

"A boa notícia é que não houve danos pessoais, graças às medidas preventivas que tomámos durante o fim-de-semana", afirmou o autarca.

A AEMET, agência estatal de meteorologia, declarou um aviso vermelho por chuva torrencial no litoral de Barcelona e um aviso semelhante ao enviado para Valência foi dirigido para os telemóveis dos habitantes na região, avisando de "chuvas continuadas e torrenciais" e pedindo para que se evitem "deslocações desnecessárias".

Vários hospitais, segundo o jornal local Diari de Barcelona, cancelaram as suas actividades não urgentes. No caso de um deles, o Hospital de Bellvitge, na localidade de L'Hospitalet de Llobregat, suspendeu actividades devido às dificuldades para chegar às instalações.

Várias universidades em Barcelona, como a Universidade de Barcelona e a Universidade Autónoma de Barcelona, cancelaram também as aulas nesta segunda-feira para evitar deslocações dos alunos.

Estas chuvas já afectam os serviços de transporte. A Rodalíes, o serviço de comboios regional da Catalunha, esteve suspenso até pelo menos às 14h00, segundo a televisão catalã TV3. Também o serviço de alta velocidade entre Tarragona e Barcelona esteve suspenso, devido às cheias num túnel.

Já o Aeroporto de El Prat, aeroporto internacional de Barcelona, teve de atrasar ou cancelar cerca de 50 voos, de acordo com a Europa Press, assim como desviar outros 17 voos.

Trabalhos em Valência continuam

Os danos provocados pela DANA continuam a fazer-se sentir na Comunidade Valenciana, a mais afectada pelas chuvas e inundações. Várias localidades, segundo a Europa Press, estão devastadas e ainda há várias restrições ao tráfego, estradas cortadas e as actividades escolares e universitárias ainda estão suspensas. Ao todo, segundo o ministro do Interior Fernando Grande-Marlaska, morreram 217 pessoas como resultado das cheias da semana passada.

Dez localidades nos arredores de Valência tiveram a sua proibição de acesso estendida até terça-feira, segundo a EuropaPress, devido ao "risco extremo de colapso das principais vias de entrada e saída da cidade de Valência", lê-se. No entanto, as aulas, de acordo com a presidente da Câmara de Valência, Maria José Catalá, retomam na terça-feira depois de terem estado suspensas durante vários dias.

Tanto o Ministério do Trabalho, liderado pela vice-presidente do Governo central, Yolanda Diáz, assim como a contraparte regional da Comunidade, definiram o uso do teletrabalho na região como "prioritário". O Ministério sublinhou ainda que "quaisquer consequências negativas do exercício dos direitos de ausência serão nulas", proibindo os despedimentos.

"Há empresas em Valência que estão a obrigar as pessoas a ir trabalhar em situações impossíveis. Quero enviar uma mensagem clara: se as pessoas estão em risco, não devem ir trabalhar. O Ministério protegerá estas pessoas e a Inspecção actuará com firmeza", afirmou Yolanda Díaz na rede social X.

Ao todo, segundo a EuropaPress, cerca de 28 mil elementos de pessoal de resgate, entre militares, pessoal técnico e bombeiros, estão presentes no terreno.

A reposição dos serviços essenciais como fornecimento de água potável, saneamento e gás, são ainda uma das principais tarefas dos responsáveis. Ao todo, doze municípios nos arredores de Valência ainda estavam sem fornecimento de gás.

Para o presidente da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, uma das principais preocupações neste momento é o "risco" de surgir um surto "de tétano".

"Temos de ser preventivos. As primeiras vacinas estão a ser dadas a voluntários ou vizinhos. A distribuição de máscaras e luvas foi mobilizada nas últimas 48 horas. Foi por isso que pedimos às autoridades sanitárias, há 48 horas, uma deslocação urgente para uma avaliação expressa. Mas aqui estamos a tomar todas as medidas preventivas para garantir que assim seja", afirmou Mazón.

Troca de acusações sobre avisos

Numa entrevista à rádio espanhola COPE, o presidente da Comunidade Valenciana afirmou que os alertas meteorológicos tinham sido desactivados por três vezes pela Confederação Hidrográfica do Júcar, um órgão local dependente do governo central, que gere a bacia hidrográfica do rio com o mesmo nome, levando a que o primeiro alerta tenha sido só lançado às 20h11.

Respondendo sobre a actuação do governo regional no alerta à população das zonas afectadas pelas cheias, o líder regional afirmou que a Confederação "desactivou o alerta hidrológico até três vezes" e apontou o dedo a Madrid pelo atraso na resposta e no envio dos alertas.

Na terça-feira, dia em que a situação piorou, os alertas por telemóvel só chegaram às 20h11, numa altura em que várias zonas à volta da cidade de Valência já estavam a ficar inundadas. Na entrevista, o presidente afirmou ainda que a Confederação não lhes informou "de nada" até às 18h45, numa altura em que já estava previsto que chovesse mais que o previsto.

Em comunicado, a Confederação, que gere os riscos de inundação, respondeu ao presidente da Comunidade Valenciana, afirmando que não lhes cabe a eles activar ou desactivar alertas.

"As confederações hidrográficas não emitem alertas públicos, sendo o organismo competente para emitir alertas hidrológicos os serviços de emergência regionais", afirmou o órgão num comunicado, tendo sublinhado que, como não podem emitir os alertas, "não é possível desactivá-los".