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Startup brasileira em Aveiro inova e transforma gesso em osso humano
Do sertão de Pernambuco sairá a matéria-prima que pode ajudar na recuperação ortopédica ou dentária, resultado de um processo inovador criado por uma empresa brasileira.
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Criar osso humano a partir de gesso. Essa é a área de negócio da startup HAP Gesso, empresa pernambucana que desenvolve biomaterial para regenerar dentes e ossos humanos a partir de gesso e que busca a internacionalização por meio do Porto Digital Europa, em Aveiro.
Segundo Ceissa Campos Costa, presidente da empresa, a chave para criar material compatível com o organismo humano é a hidroxiapatita de cálcio. No processo, é utilizado gesso obtido na região do Araripe, no alto sertão pernambucano, matéria-prima com alto teor de pureza e grande qualidade. Ela conta que, atualmente, 95% do gesso produzido no Brasil é oriundo dessa região.
A startup converte o sulfato de cálcio — o elemento químico predominante no gesso — em hidroxiapatita de cálcio, que pode ser utilizada em ortopedia, na odontologia e na veterinária para tratamentos de traumatismos ósseos e dentários, além de estéticos. “Tudo o que for exigido para recuperar um osso é possível com o uso desse material”, ressalta Ceissa.
A hidroxiapatita de cálcio é um composto químico produzido na forma de microesferas suspensas em um gel aquoso. “Nossa missão é produzir biomateriais inovadores, biocompatíveis e osteocondutores para promover a saúde óssea”, afirma o site da empresa.
O próximo passo da startup será a certificação sanitária. “Necessitamos, agora, da certificação e adequação do biomaterial, comprovando que está em conformidade com as normas europeias na área da saúde”, revela a empresária, natural de Petrolina. Atualmente, estão sendo realizados testes para a certificação em universidades brasileiras e em instituições europeias.
Testes avançados
Ceissa explica o motivo de os testes serem tanto no Brasil quanto na Europa: “Tendo em vista que a legislação brasileira é diferente da europeia, temos de passar pelo processo também na Europa”. Os testes ocorrem primeiro em animais e, numa segunda fase, em humanos. A expectativa da empresária é de que a certificação europeia ocorra em seis meses, no começo de 2025. Só então a empresa vai buscar os primeiros clientes.
A empresária conta que os testes e análises em território brasileiro são realizados na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, Pernambuco. Uma das vantagens é que Petrolina fica a pouco mais de 200 quilômetros da fábrica em que o gesso é calcinado, em Araripina, também no sertão pernambucano.
Criada há dois anos, a empresa é uma das principais apostas do Porto Digital Europa, de Aveiro, uma incubadora de empresas criada no norte de Portugal pelo governo de Pernambuco para a internacionalização de startups tecnológicas tendo como exemplo o Porto Digital de Recife. A escolha da Europa para a internacionalização se deve ao fato de que o mercado do bloco econômico europeu é o segundo maior consumidor de hidroxiapatita de cálcio do mundo, apenas atrás dos Estados Unidos.
A empresa acredita que, para conseguir espaço no mercado, necessitará de investimentos de um milhão de reais (160 mil euros). Até agora, tem obtido apoios do governo de Pernambuco, do Sebrae e da APEX, de 1.800 euros (R$ 10.800) mensais.
Dentro do plano de negócios da empresa, uma vez obtida a certificação, estão financiamentos de fundos europeus, que permitirão ampliar os projetos da parte técnica e de comercialização.