“É uma polémica que não existe”, garante Ricardo Leão, que desconvocou reunião

Presidente da FAUL e da Câmara de Loures desconvocou a reunião a propósito da polémica provocada pelas suas declarações sobre despejos em bairros municipais.

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Ricardo Leão é presidente da Câmara de Loures e da FAUL do PS Nuno Ferreira Santos
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O presidente da Câmara Municipal de Loures e da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, Ricardo Leão, declarou ao PÚBLICO que resolveu desconvocar uma reunião deste órgão, que ele próprio tinha convocado para segunda-feira, por considerar que a sua realização neste momento não se justifica.

Um dos temas da reunião, que foi noticiada pelo Expresso, seria a polémica surgida depois das declarações que fez, em reunião camarária, na quarta-feira, defendendo o despejo, “sem dó nem piedade”, de inquilinos de habitações camarárias, que cometam actos criminais. Já na quinta-feira, Ricardo Leão esclareceu, em comunicado: “As declarações tornadas públicas, pela minha intervenção, na reunião da Câmara Municipal de Loures, eram referentes, única e exclusivamente, a casos transitados em julgado. Nunca o município se deve sobrepor ou substituir ao poder judicial. Nem nunca o fará.”

Em declarações ao PÚBLICO, este sábado, Ricardo Leão explica que decidiu desconvocar a reunião porque considera que “a questão está resolvida, esta é uma polémica que não existe”. Argumenta ainda que considera o caso esvaziado, “tendo em conta os telefonemas e mensagens de apoio” que recebeu. E acrescenta que os outros temas a tratar na reunião, relacionados com o trabalho da FAUL e com a preparação das eleições autárquicas de 2025, podem ser discutidos mais tarde. Até porque se vão agora realizar reuniões entre os deputados e a federação sobre o processo de aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano.

Mulheres socialistas rejeitam

As Mulheres Socialistas rejeitaram que seja feita “justiça popular” ou “qualquer tipo de discriminação”, num comunicado sobre a polémica, intitulado “A praga do populismo infiltra-se em todo o lado”, publicado na rede social Facebook e noticiado pela Lusa, este sábado.

Esta posição surge no dia a seguir a Alexandra Leitão, membro do secretariado nacional do PS e líder parlamentar, ter escrito na rede social X, uma mensagem muito crítica sobre as declarações de Ricardo Leão, sem nunca o nomear.

O Departamento de Mulheres Socialistas rejeita “a justiça popular”, “qualquer tipo de discriminação”, “qualquer tipo de gueto que impeça as pessoas de uma vida digna” e acrescentam que “só se formam guetos onde os processos de integração falham”.

Sem qualquer referência directa ao autarca, as Mulheres Socialistas escrevem que o PS “tem uma história a defender” e salientam que “numa sociedade democrata, que se pauta pela defesa dos direitos humanos, há limites que não podem ser ultrapassados por quem defende a igualdade e não discriminação como princípios basilares de uma sociedade decente”.

“No partido da liberdade, igualdade e solidariedade, de que somos militantes, não se pode condenar antes de a Justiça o fazer (princípio da presunção da inocência); não se pode discriminar mesmo quem foi condenado (princípio da ressocialização); e muito menos alargar essa condenação, por contágio, à família remetendo-a para um gueto sem saída”, sublinhou esta estrutura socialista.

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