As eleições nos EUA: os (super)ricos e o resto

Há duas transformações fundamentais para compreender a actual política americana, uma à direita, a outra à esquerda.

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1. No passado era mais fácil perceber a política dos EUA e rotular coerentemente os seus intervenientes de direita ou de esquerda. A clássica divisão ideológica surgida durante a Revolução Francesa de 1789, amplificada, depois, pelos trabalhos de Karl Marx sobre a economia política no século XIX, aplicava-se, sem grandes dificuldades, à política americana. A economia era o seu terreno principal de confronto e de demarcação de posições ideológicas. À direita tínhamos os defensores da iniciativa privada, do mercado sujeito à lei da oferta e da procura e sem intervenção estatal, ou com regulação mínima, e de funções sociais estatais reduzidas, bem como impostos favoráveis ao investimento e às empresas. Esses eram os atributos do bom Estado, um Estado mínimo. Por sua vez, à esquerda, tínhamos os defensores de um Estado interventor na economia e na sociedade. Para estes, o Estado tinha de possuir um amplo sector público e efectuar uma abrangente regulação da economia privada e de mercado, a par de desenvolver múltiplas e generosas funções sociais financiadas por impostos progressivos, suportados pelos mais ricos.

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