Socialista Seguro Sanches desiste de liderar unidade de saúde Almada-Seixal

Ministério da Saúde remete-se ao silêncio, mas cargo deverá ser ocupado por Pedro Azevedo, médico que milita no PSD.

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Jorge Seguro Sanches, ex-deputado do PS Daniel Rocha
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Indicado pela secretária de Estado da Saúde para liderar a Unidade Local de Saúde Almada-Seixal, que integra o Hospital Garcia de Orta, o antigo secretário de Estado socialista Jorge Seguro Sanches desistiu de aceitar o convite.

De acordo com a RTP, esta função será agora ocupada por Pedro Azevedo, um médico da CUF que milita no PSD de Almada. Contactado pelo PÚBLICO, este clínico remeteu-se ao silêncio.

Segundo fontes próximas de Seguro Sanches, foi após uma análise aturada do panorama do Serviço Nacional de Saúde na Margem Sul que este ex-deputado do PS resolveu, “por razões pessoais e profissionais”, declinar o convite que lhe havia sido feito pelo Governo social-democrata.

O anúncio do nome de Seguro Sanches, que pertence à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, tinha sido anunciado há dois meses pela secretária de Estado da Saúde, Ana Povo, numa entrevista. "Houve uma pessoa que já foi convidada pelo actual director executivo do Serviço Nacional de Saúde para assumir o lugar. Essa pessoa, posso anunciar, é Jorge Seguro Sanches, que aceitou, e estamos a cumprir todos os procedimentos para proceder à sua nomeação", declarou a governante no início de Setembro.

Demitida "em três minutos"

O convite surgiu depois de a direcção executiva ter decidido afastar o conselho de administração presidido por Teresa Luciano, nomeada em Agosto de 2022. Tanto esta dirigente, cujo mandato termina em Dezembro, como a respectiva equipa se mantêm, por enquanto, em funções.

Ouvida no Parlamento no final do mês passado, a pedido do Bloco de Esquerda, esta responsável contou que o telefonema em que foi demitida pelo director executivo durou “menos de três minutos” e que lhes foi pedida uma carta de rescisão. O motivo terá sido os encerramentos que aconteceram na urgência de ginecologia/obstetrícia durante o Verão. Teresa Luciano garantiu, porém, que nem ela nem a sua equipa iriam apresentar a demissão, não tendo entretanto recebido mais indicações.

“A 3 de Setembro, pelas 14h25, recebemos um telefonema de menos de três minutos a dizer que estávamos demitidos pelo senhor director executivo, dizendo que a senhora ministra tinha muito apreço pelo nosso trabalho e a perguntar se poderíamos fazer cartas de rescisão. Até ao momento, e passados dois meses, mais nada sabemos sobre o assunto”, disse aos deputados a dirigente. E explicou que, apesar de a unidade que dirige ter 22 especialistas, vários deles encontravam-se de licença ou não faziam urgências. Dos 22 médicos, detalhou, “três não fazem urgências e restam 19. Temos sete em licença de maternidade”, acrescentou, o que reduz para 12 os especialistas disponíveis. Há “cinco que têm mais 55 anos” e que, por esse motivo, podem deixar de fazer urgência, sendo que “alguns” só fazem escala durante o dia.

Também o Ministério da Saúde se remeteu ao silêncio relativamente à desistência de Seguro Sanches e à escolha de um novo responsável, não tendo sido ainda possível obter qualquer tipo de esclarecimento da parte da direcção executiva. Director clínico da unidade de hospitalização domiciliária da CUF, Pedro Azevedo foi assistente hospitalar de Medicina Interna do Garcia da Orta entre 2015 e 2020. É coordenador do secretariado nacional do Núcleo de Estudos de Medicina Obstétrica da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

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