OpenAI e Meta anunciam motores de busca com inteligência artificial

OpenAI e Meta entram na corrida dos motores de busca, mercado completamente dominado pela Google. “Nunca é boa ideia haver controlo apenas de uma instituição, seja ela qual for”, diz investigadora.

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OpenAI está a colaborar com fontes noticiosas e bases de dados para criar mais categorias OpenAI
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A OpenAI anunciou a inclusão de um motor de pesquisa no ChatGPT. "Agora é possível obter respostas rápidas através de links para fontes relevantes da web, para as quais antes precisaria de recorrer a um motor de busca", disse a tecnológica, nesta quinta-feira, em comunicado. A empresa começou o teste beta do mecanismo, o protótipo SearchGPT, no mês de Julho.

No mesmo comunicado, a OpenAI diz que está a colaborar com fontes noticiosas e bases de dados "para adicionar informações actualizadas e novos designs visuais em categorias como clima, acções, desporto, notícias e mapas". Todos os utilizadores do ChaGPT Plus, do Team-GPT e quem está na lista de espera já podem aceder à pesquisa (incluindo em Portugal). Para clientes de empresas e instituições de ensino, estará disponível nas próximas semanas; os restantes utilizadores vão poder aceder ao serviço nos próximos meses.

A abrangência do serviço ainda é bastante limitada. Entre os órgãos de comunicação social incluídos na pesquisa do ChatGPT estão a Associated Press, a Reuters, a Condé Nast, o El País, a Time e o Le Monde. A empresa garante que "qualquer site ou publicação pode escolher aparecer na pesquisa do ChatGPT".

Meta também quer entrar na corrida

No início desta semana, também a dona do Facebook, Instagram e WhatsApp anunciou a decisão de desenvolver o seu próprio motor de busca baseado em inteligência artificial (IA) para diminuir a dependência do Google e do Bing (Microsoft). A Meta entra assim na competição directa com as grandes plataformas tecnológicas, em que se inclui agora o ChatGPT da OpenAI.

Até ao momento, não se tem verificado uma grande disputa pelos motores de pesquisa, já que a Google detém 90% do mercado e o Bing cerca de 4%, de acordo com as últimas estatísticas da Statcounter. Helena Moniz, responsável do Comité de Ética do Centro para a IA Responsável, sublinha que é do interesse das empresas entrar nesta “corrida aos motores de busca com IA” integrada.

A também docente na Universidade de Lisboa confessa: “Nunca é boa ideia haver controlo apenas de uma instituição, seja ela qual for. Não creio que seja benéfico, tal como para um jornalista ou um professor, é preciso procurar diferentes fontes de informação.” Helena Moniz explica a relutância com o facto de as tecnológicas fazerem um “scrap da web”, isto é, há uma extracção de informação de toda a Internet para ser dada ao leitor em breves segundos e de forma personalizada. O conteúdo cedido pode variar conforme a localização, as características e o historial do utilizador. A Google está ainda a empenhar-se em integrar o seu último modelo de IA, o Gemini, em produtos-base, como na Pesquisa, para proporcionar experiências mais personalizadas.

A Meta Platforms anunciou também uma colaboração com a agência noticiosa Reuters para responder a perguntas, em tempo real, sobre a actualidade. Helena Moniz olha positivamente para a associação de fontes de comunicação credíveis ao motor de busca, mas questiona-se: “Não sei é se estaremos a ser demasiado confinados a apenas uma agência. Se calhar, para uma visão mais geral e contextualizada de um assunto, vai precisar de várias agências noticiosas e de diversos pontos de vista sobre determinado tópico.”

O motor de pesquisa da Meta vai funcionar no WhatsApp, no Instagram e no Facebook. São plataformas “onde os seres humanos costumam ser bastante espontâneos e abertos sobre as suas opiniões”. Helena Moniz explica que isto pode gerar usos menos benéficos da tecnologia. “Se não houver uma verdadeira literacia mediática, corremos o risco de as pessoas estarem a interagir com sistemas que sabem muito mais do que elas sobre o uso que é feito desses softwares”, remata a especialista.

Em 2018, quando a Meta ainda era Facebook, sofreu um ataque que levou à exposição de informação detalhada de 14 milhões dos seus utilizadores. Em Abril deste ano, a Comissão Europeia abriu um processo contra a plataforma por alegadas infracções às normas do Regulamento dos Serviços Digitais, no que toca à presença de conteúdo político e publicidade enganosa. Helena Moniz acredita que o regresso do foco noticioso aos serviços da empresa é uma forma de afirmar: “Nós estamos a tentar fazer um esforço para encontrar fontes credíveis de informação.”

Quanto ao futuro da IA nos sistemas de pesquisa, a especialista declara que é difícil construir cenários, mas prevê “um enorme esforço dos gigantes tecnológicos, e novos parceiros e indústrias a aparecerem no mercado”. Nesse sentido, acredita que o actual domínio da Google vai ser motivo de discussão nos próximos tempos.

Texto editado por Pedro Esteves

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