PÚBLICO na Escola

Mar da Palha e Margem Certa vencem Concurso de Jornais Escolares

Publicações refletem participação ativa dos alunos e relação de proximidade com as comunidades.

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A promoção da inclusão, da empatia e do pensamento crítico, bem como a experiência de comunidade, são características fundamentais do jornalismo escolar
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"Escrita Irrequieta", 2.º prémio na categoria A
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"Se bem nos lembramos", 2.º prémio na categoria B
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"O Mensageiro", Prémio Incentivo
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As melhores reportagens foram publicadas no "Escola Ativa"
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"Sinopse", Prémio Melhor Design Gráfico
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Revista "Ponto", Prémio 25 de Abril, para o melhor trabalho sobre Democracia
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"inumano", Prémio Melhor Trabalho de Cultura
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"Atómica", Prémio Melhor Trabalho de Ciência
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"Notícias de Sophia", Prémio TRUE

Margarida Loforte tinha acabado de chegar à Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada, para começar a estudar artes, no 10.º ano. Passeava com “uma rapariga que mal conhecia” e levava debaixo do braço o livro de contos de Franz Kafka. Foram abordadas em “estilo de emboscada”: “Vocês são especificamente o que eu ando à procura”, disse-lhes um adulto. Esse adulto, o ator João Tempera, procurava alunas que quisessem juntar-se ao jornal Mar da Palha. Um ano depois, Margarida recorda como tudo começou depois de saber que venceram o Concurso Nacional de Jornais Escolares 2023/24, iniciativa do PÚBLICO na Escola, na categoria A - Melhor Jornal de Agrupamento. E este não é o único motivo de festa em Almada: também Margem Certa, vencedor na categoria B - Melhor Jornal de Escola, é deste concelho.

Coordenado pelo professor Luís Maia, o Margem Certa é uma estreia no pódio de melhores jornais. Mas apesar de ter nascido recentemente, depois de o professor ter começado a dar aulas na Escola Secundária Cacilhas-Tejo, já tinha vencido no ano passado com o Melhor Trabalho sobre Liberdade. “Parece um bocado irrealista: o jornal da minha escola ganhou um prémio nacional. Quando soube fiquei surpreendida e feliz, é uma honra”, partilha a aluna Sara Faquineu, colaboradora regular.

Juntam-se ao pódio nos segundos lugares das categorias A e B, respetivamente, os jornais Escrita Irrequieta, do Agrupamento de Escolas de Branca (Albergaria-a-Velha), e Se Bem nos Lembramos, da Escola Secundária Vitorino Nemésio (Ilha Terceira, Açores). Foram distinguidos entre uma centena de projetos que envolvem cerca de 500 escolas portuguesas. Na lista final de prémios, que tem mais sete especiais e totaliza 10 mil euros, estão jornais em papel e digitais feitos a partir de Barcelos, Albergaria-a-Velha, Mafra, Santa Maria (Açores), Lisboa, Linda-a-Velha e Vila Nova de Gaia.

“Nunca é só o que fica no papel”

Sara Faquineu não se esquece da entrevista que fez ao fotógrafo Tiago Mateus, juntamente com Beatriz Martins, a sua colega de turma e grande companheira de trabalhos jornalísticos no Margem Certa. “Foi muito interessante”, partilha Beatriz. “Ao fazer o jornal aprendo coisas que acho que não aprenderia se não fizesse parte. Só gostava que mais pessoas nos lessem, porque dá trabalho”, diz com humor. Nos períodos de testes a gestão é mais complicada, mas tudo se faz. Para Sara, fazer parte deste jornal é estar constantemente a ter contacto com “outros pontos de vista”.

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"Margem Certa", vencedor na categoria B - Melhor Jornal de Escola

A promoção da inclusão, da empatia e do pensamento crítico, bem como a experiência de comunidade, são características fundamentais do jornalismo escolar. Quem o diz é Luísa Gonçalves, professora e coordenadora do PÚBLICO na Escola e presidente do júri. “Sinto que este concurso é uma imersão na vida das escolas, ajuda-nos desde logo a perceber as dinâmicas, as ambições, as dificuldades. O jornal é o mote, mas vai tudo muito para além do jornal.” E muitos dos que participam mobilizam assistentes operacionais, associações de pais, jornais locais, autarquias e associações da comunidade. Embora no centro estejam sempre os alunos — e esse seja um fator decisivo no momento de avaliar.

Muito representativo disso é o Mar da Palha, que desde 2022-23 é dinamizado pela Aletria, uma biblioteca itinerante que é “um centro cultural a céu aberto” e que tem como uma das paragens a Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada. “A biblioteca estaciona uma vez por semana no pátio da escola e está aberta a quem quiser frequentá-la, mas também é lá que fazemos as nossas reuniões de redação semanal. Na nossa esplanada, os alunos voluntários vão aparecendo e vamos distribuindo tarefas e percebendo o que é que interessa trabalhar a cada um”, explica João Tempera, ator e mediador da Aletria.

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O "Mar da Palha" é desde 2022-23 dinamizado pela Aletria, uma biblioteca itinerante

Quando pegou neste projeto para continuar o legado deixado pelo professor Luís Maia, que tinha sido o seu fundador e dinamizador por mais de vinte anos, quis que os alunos estivessem no centro de todas as decisões, do design aos temas abordados. E Margarida Loforte garante que é isso que acontece, até porque a Aletria funciona, antes de mais, como espaço de tertúlia: “Eu não tenho muitas pessoas à minha volta com quem possa falar sobre livros e filmes, e é no jornal que acabo por o fazer.” Acontece muitas vezes que as tertúlias passem a artigos, mas “nunca é só o que fica no papel”. São as relações que se estabelecem.

Liberdade para olhar para o mundo

A celebração dos 50 anos do 25 de Abril fez-se sentir na edição deste ano. Tanto para Luísa Gonçalves como para Teresa Firmino, editora de Ciência do PÚBLICO e membro do júri, foi surpreendente a mostra não só de trabalhos, mas de edições completas que celebram a Liberdade e a Democracia. Sublinham também o aumento de reportagens e de trabalhos que valorizam a opinião dos alunos. Nesta que foi a sua estreia enquanto jurada, Teresa Firmino destaca a “liberdade de olhar para o mundo” que atravessa os jornais e revistas que lhe passaram pelas mãos.

Juntam-se ao pódio nos segundos lugares das categorias A e B, respetivamente, os jornais "Escrita Irrequieta", do Agrupamento de Escolas de Branca (Albergaria-a-Velha), e "Se Bem nos Lembramos", da Escola Secundária Vitorino Nemésio (Ilha Terceira, Açores).
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Juntam-se ao pódio nos segundos lugares das categorias A e B, respetivamente, os jornais "Escrita Irrequieta", do Agrupamento de Escolas de Branca (Albergaria-a-Velha), e "Se Bem nos Lembramos", da Escola Secundária Vitorino Nemésio (Ilha Terceira, Açores).

Esta não foi a única diferença da edição deste ano. Em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares foi atribuído um novo prémio especial, dedicado a jornais criados na plataforma TRUE. “Sendo um projeto que deu os primeiros passos no ano que passou, nota-se a preocupação com o rigor nos géneros jornalísticos. Não precisam de estar dependentes em termos económicos e técnicos, dá-lhes mais autonomia e liberdade.” Além da Rede de Bibliotecas Escolares, o concurso conta com a parceria do PÚBLICO, Ministério da Educação, Fundação Belmiro de Azevedo, BPI - Fundação “la Caixa”, Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Plano Nacional das Artes, Ciência Viva, Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril e Porto Editora.

O júri do Concurso Nacional de Jornais Escolares 2023/24 foi composto por Helena Soares (designer e professora), Isabel Leite (Edulog-Fundação Belmiro de Azevedo), José Carlos Sousa (Direção-Geral da Educação), Luísa Gonçalves (coordenadora do PÚBLICO na Escola), Teresa Calçada (ex-comissária do Plano Nacional de Leitura) e Teresa Firmino (editora de Ciência do PÚBLICO). Os prémios serão entregues no dia 4 de dezembro, em local a confirmar.