Moradores de Linda-a-Velha lançam petição contra a construção da Cidade do Padel

Documento dirige-se à presidente da Assembleia Municipal de Oeiras e pede-se a suspensão da construção da Cidade do Padel, em Linda-a-Velha, concelho de Oeiras.

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Terreno onde está prevista a construção da Cidade do Padel Rui Gaudêncio
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Moradores de Linda-a-Velha lançaram uma petição pública contra a construção da Cidade do Padel, que envolve a construção de 17 campos da modalidade e infra-estruturas de apoio num terreno cedido pela Câmara Municipal de Oeiras (CMO) à Federação Portuguesa de Padel, em Linda-a-Velha, no concelho de Oeiras. O documento intitulado “Cidade do Padel Não!” dirige-se à presidente da Assembleia Municipal de Oeiras e, além dos residentes que vivem perto do terreno ou noutras zonas da localidade, é promovido pelos “amigos da mata do Jamor”, que fica ao lado do terreno do equipamento previsto.

No texto da petição (aqui disponível), os promotores referem que se opõem à concretização do projecto “por razões de carácter legal, ético, ambiental e de qualidade de vida”. Como tal, pedem à Assembleia Municipal de Oeiras que “delibere a suspensão da construção da Cidade do Padel”.

“Acreditamos que ainda podemos travar o projecto nesta zona”, afirma ao PÚBLICO Tiago Beirão Reis, que vive a poucos metros do terreno onde está prevista a edificação da Cidade do Padel. O residente lembra que, quando se teve conhecimento da dimensão do projecto, vários moradores subscreveram abaixo-assinados dirigidos à Câmara de Oeiras, que lhes terá dito que seria feita uma consulta pública. “Não tivemos essa consulta pública, apenas houve uma apresentação pública” em Setembro, já com o projecto muito adiantado, diz Tiago Beirão Reis.

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No documento, indicam-se os vários pontos de discórdia relativamente ao projecto. Um deles é o facto de o Plano de Pormenor do Alto de Santa Catarina, que está em vigor, indicar que o terreno previsto para a Cidade do Padel se destina à construção de uma creche, jardim-de-infância e centro desportivo, com uma área de construção de 2500 metros quadrados (m2). “Ora, a construção da Cidade do Padel, não correspondendo a nenhum daqueles equipamentos, tem uma área de construção declarada pela CMO superior a 2200 m2”, notam.

Um outro motivo é o terreno ter sido cedido em direito de superfície à Federação Portuguesa de Padel em condições que consideram “muito vantajosas, por esta ser uma entidade de utilidade pública e destinado a ser um centro de formação”. Contudo, foi um consórcio que envolve empresas de Cristiano Ronaldo e Filipe de Botton que venceu o concurso para construção da Cidade do Padel. “O complexo desportivo fica, na sua grande maioria, à disposição do consórcio e destinado ao aluguer de campos de padel, incluindo a realização de grandes eventos nacionais e internacionais”, acusam.

Os outros motivos referidos são a proximidade do projecto à mata do Jamor; o “impacto negativo significativo em termos de tráfego e estacionamento”; e o ruído que será gerado pelos 17 campos de padel.

“É um projecto que vai ter um impacto enorme nos moradores da zona”, considera Tiago Beirão Reis. O morador resume que os principais motivos da contestação são: a forma como o processo se desenrolou; o facto de estar inserido numa zona residencial; e ser “mais uma agressão” à mata do Jamor. Também assinala que “há a perspectiva” de que a Cidade do Padel “será usada por escolas”, mas diz não conhecer consultas aos estabelecimentos de ensino sobre essa possível utilização.

Residentes de Linda-a-Velha e a associação Vamos Salvar o Jamor têm vindo a contestar a construção da Cidade do Padel. As suas preocupações estão expostas agora na petição. Num artigo publicado em Setembro no PÚBLICO, a Câmara Municipal de Oeiras, presidida por Isaltino Morais (Inovar Oeiras), defendia que o projecto “não entra em conflito” com o que está definido no plano de pormenor, classificando-o como um centro desportivo juvenil. Sobre o ruído, argumentava que “a maioria dos campos será coberta” e que os dois descobertos estão “bastante distantes da área residencial”. Já a Federação Portuguesa de Padel considerava que “só a Câmara Municipal de Oeiras pode comentar que destinos tinha ou tem para os terrenos que entende ou não adquirir”.

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