Inflação volta a subir e passa para 2,3% em Outubro
Depois de estar abaixo de 2% em Agosto, o índice de preços aumentou nos últimos dois meses. Na zona euro, a trajectória da inflação também foi de subida.
A taxa de inflação voltou a aumentar em Outubro, passando de 2% para 2,3%, indica uma primeira estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgada nesta quinta-feira.
O que esta variação significa é que há uma diferença de 2,3% no Índice de Preços no Consumidor (IPC) entre Outubro deste ano e Outubro do ano passado. Em Setembro o diferencial era de 2%.
A inflação chegou a estar abaixo deste patamar em Agosto, mês em que se verificou um recuo da taxa para 1,9%, mas nos dois meses seguintes deu-se uma nova subida no índice que mede a evolução dos preços dos bens e serviços praticados na economia portuguesa.
A variação mensal (isto é, a diferença de Setembro para Outubro) é de apenas 0,1% (no mês anterior, em relação a Agosto, fora de 1,3%).
Há um ano, em Outubro de 2023, a taxa de inflação estava abaixo do valor em que se encontra agora: a diferença no índice de preços em relação a Outubro de 2022 era de 2,1%.
O indicador da inflação subjacente — que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos — registou em Outubro deste ano uma variação homóloga de 2,6% (é essa a diferença no índice entre Outubro deste ano e o mesmo mês do ano anterior). Neste caso, há uma melhoria em relação ao que se verificava em Setembro, mês em que a diferença era de 2,8%.
“A variação do índice relativo aos produtos energéticos situou-se em -0,2% (-3,5% no mês anterior), essencialmente devido à conjugação do aumento mensal registado neste agregado (1,3%) com o efeito de base associado à redução registada em Outubro de 2023 (-2,1%)”, explica o INE.
Já no índice que diz respeito aos produtos alimentares não transformados houve em Outubro um aumento da taxa para 2,1%, o que representa um agravamento significativo face ao que se passava em Setembro, quando a diferença era de apenas 0,9%.
Se no índice de preços nacional a taxa está nos 2,3%, o Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, que permite fazer comparações com outros países da zona euro, regista uma variação homóloga de 2,6%. Aqui verifica-se uma estabilização da inflação, já que o valor é igual ao de Setembro.
As estimativas do INE agora conhecidas são apenas provisórias. A 13 de Novembro o instituto estatístico publica os valores definitivos.
Inflação na zona euro nos 2%
Na zona euro, a inflação tem vindo a recuar — em Setembro, já ficou nos 1,7%, abaixo do objectivo de 2% traçado pela autoridade monetária da moeda única —, mas a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, já deixou claro que a instituição está a prever que a inflação voltará a agravar-se nos próximos meses. E foi o que se verificou em Outubro. No conjunto dos 20 países que partilham o euro, a taxa passou para 2%. Embora haja um agravamento, a taxa continua abaixo daquela que se verificava em Agosto (2,2%).
De acordo com o Eurostat, os serviços apresentam a taxa anual mais elevada”, de 3,9% (estável em relação a Setembro), seguindo-se o índice dos produtos alimentares, álcool e tabaco (2,9%, mais alta do que a de Setembro, de 2,4%), o índice dos produtos industriais não energéticos (0,5%, em comparação com 0,4% de Setembro) e o índice da energia (-4,6%, em comparação com -6,1% em Setembro).
A Alemanha, a maior economia da região, regista uma inflação de 2,4%, superior à média. Tal como em Portugal e no conjunto da zona euro, houve um agravamento da inflação em Outubro.
As três economias imediatamente abaixo da alemã (França, Itália e Espanha) estão com taxas abaixo da média. Em França, a inflação está nos 1,5% (também se agravou, face a 1,4% de Setembro). Em Itália, a taxa está em 1% (estava em 0,7% em Setembro). E em Espanha, em 1,8% (contra 1,7%).
A Bélgica e a Estónia são os dois países com taxas mais altas, de 4,7% e 4,5%, respectivamente.
A previsão do BCE é a de que a inflação na zona euro só voltará a cair em direcção ao “objectivo” dos 2% no próximo ano, embora para 2025 a média anual ainda fique nos 2,2% e só em 2026 caia para 1,9%.