Condado de Los Angeles processa Coca-Cola e PepsiCo por poluição por plásticos

As duas empresas são acusadas de práticas comerciais desleais e enganosas. O condado de Los Angeles considera a poluição por plásticos um problema público.

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A Coca-cola é uma das empresas acusadas de comercializar garrafas de plástico que não podem ser recicladas de forma significativa DARREN WHITESIDE / REUTERS
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O condado de Los Angeles processou os fabricantes de bebidas PepsiCo e Coca-Cola, acusando-os de poluírem o condado mais populoso dos Estados Unidos com garrafas de plástico e de enganarem o público sobre o impacto ambiental e a possibilidade de reciclagem dos seus recipientes.

Numa acção judicial instaurada na quarta-feira junto do Tribunal Superior de Los Angeles, o condado afirma que as empresas estão a contribuir para a poluição por plásticos com as suas garrafas de plástico de utilização única, estando ainda envolvidas numa campanha para enganar os consumidores, levando-os a acreditar que são recicláveis.

De acordo com a acção judicial movida pelo condado (governado pelo Partido Democrata), as empresas fizeram isso apesar de saberem que o plástico das suas garrafas não pode ser reciclado numa escala significativa o suficiente para compensar os danos ambientais das embalagens, a maioria das quais acaba em aterros sanitários ou como lixo.

Alegações enganosas?

O condado alega que a poluição por plásticos associada aos produtos fabricados pelas empresas em causa constitui um problema público que estas devem ser obrigadas a compensar. De acordo com a acção judicial, a Pepsi e a Coca-Cola deveriam ser obrigadas a pagar multas por se envolverem em práticas comerciais desleais e enganosas.

“A Coca-Cola e a Pepsi têm de acabar com este logro e assumir a responsabilidade pelos problemas de poluição por plásticos que os seus produtos estão a causar”, afirmou a presidente do Conselho de Supervisores do Condado de Los Angeles, Lindsey Horvath, do Partido Democrata, num comunicado.

As empresas não reagiram ao pedido de comentário que lhes foi dirigido na quinta-feira. Em resposta a processos judiciais semelhantes no passado, negaram que tenham feito alegações enganosas e disseram que estavam a trabalhar para a sustentabilidade ambiental.

Poluição nos tribunais

O caso é o mais recente de uma série de acções judiciais movidas por governos estaduais e locais dos EUA e por organizações ambientalistas contra empresas que fabricam e comercializam plásticos.

A Pepsi está actualmente a enfrentar uma acção judicial por poluição por plásticos apresentada pelo procurador-geral de Nova Iorque no ano passado. Em Setembro, o procurador-geral da Califórnia processou de forma semelhante a empresa petrolífera Exxon Mobil, que produz polímeros utilizados no fabrico de plásticos de utilização única. Ambos os procuradores-gerais são afectos ao Partido Democrata.

Em Agosto, um tribunal de recurso no Estado de Washington, D.C., reactivou uma acção movida em 2020 pelo grupo ambientalista Earth Island Institute, acusando a Coca-Cola de enganar os consumidores, fazendo-os acreditar que seu negócio era ambientalmente sustentável.

Parte da tripla crise planetária

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP, na sigla em inglês), todos os anos são produzidas mais de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos a nível mundial, sendo que menos de 10% são reciclados, o que sufoca os aterros sanitários e destrói os oceanos.

De acordo com a nova acção judicial, o plástico representou 246 124 toneladas de todos os resíduos produzidos por residências no Condado de Los Angeles em 2024 e 628 211 toneladas de todos os resíduos comerciais da comunidade.

Entre 25 de Novembro e 1 de Dezembro, países de todo o mundo vão reunir-se em Busan, na Coreia do Sul, para finalizar as negociações para a assinatura de um Tratado Global Sobre Plásticos.