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Mônica Salgado lança em Lisboa o antimanual de autoajuda, sem a hipocrisia das redes
A jornalista e influencer, com mais de 850 mil seguidores, traz para Lisboa suas confissões e pensatas no livro A vida que não postamos.
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O caminho de Mônica Salgado, autora do livro A Vida que Não Postamos, lançado nesta quarta-feira (30/10) em Lisboa, foi de reinvenção pessoal. Depois de uma carreira no jornalismo — cinco anos como editora da Vogue brasileira e de ter feito da revista Glamour a mais lida do seu segmento no Brasil, além de ter sido colunista da TV Globo e do jornal Zero Hora —, ela se viu numa encruzilhada. Dispensada do seu último trabalho, tinha que decidir que rumo tomar.
Mônica poderia ter deixado a bola cair, mas sabia que vitimismo não era como ela. “Tive sorte. Tudo aconteceu num momento de crescimento das redes sociais. A Internet é um novo veículo, em que eu não preciso de um endosso para passar minha mensagem, Ali, encontrei a direção a seguir”, diz
A ideia de que tinha algo a dizer, que poderia fazer a diferença na vida das pessoas, teve a contribuição da escritora Lya Luft. Ela reagiu a das crônicas de Mônica. “Recebi um e-mail generosíssimo dela. Minha reação foi: Meu Deus, zerei a vida. A Lia elogiou uma crônica minha’”, lembra. Lia sempre foi uma de suas influências.
As crônicas para as redes sociais são pensatas sobre a vida. "Coisas que, normalmente, não são postadas”, frisa. A partir desses textos, que já angariaram 850 mil seguidores, veio o livro. Ela conta do que trata a obra: “Defeitos dos quais a gente não se orgulha, sujeiras que colocamos debaixo do tapete para ficar bem para o público, a personagem que a gente veste. É uma confissão da vida como ela é”.
Caminho inverso
Enquanto nas redes sociais, normalmente, são postadas coisas glamorosas, Mônica vai no caminho inverso. Um trecho do livro fala sobre o dia a dia, como no trecho sobre férias em família: “Tem DR na mesa do jantar, puta torta de climão? Tem! Tem pessoa emburrada que vai dormir brigada depois de passar o resto da refeição no celular. Aliás, tem a pessoa que não sai do celular e ouve: nossa, não sai deste celular? Podia ter ficado em São Paulo”.
Mônica reconhece não ser fácil se manter distante da "hipocrisia" das redes sociais. “Vivemos em um mundo em que as redes sociais determinam muita coisa. Elas mudaram muito a forma de como a gente se posiciona. Mas uma coisa me incomoda muito: quais são as sombras?”, questiona.
Ela expõe o lado que as pessoas que seguem as redes sociais não conseguem alcançar, porque não são reais. “Os casamentos têm que ser felizes, a relação com os filhos ou com a mãe tem que ser boa, como nas famílias de comercial de margarina. O livro cria uma conexão muito grande com pessoas que não se sentem representadas por esses estereótipos”, diz.
Para a autora, é preciso que as pessoas encarem a real. “Casamento é difícil. Divórcio também é difícil. Ter filhos é difícil. A disponibilidade afetiva, de tempo, de energia, de dinheiro, a ingratidão, a frustração. Lidamos com indivíduos com vontades próprias, que, quase sempre, não são as nossas”, afirma.
Contra a cafonice
A jornalista acredita que a ousadia de ir contra o status quo das redes sociais tem provocado reações positivas, tanto que muitas pessoas se identificam com o que ela escreve. “Escrevi um antimanual de autoajuda”, brinca. O livro também tem o que Mônica chama de “manual anticafona”.
O manual é constituído de atitudes a serem evitadas, códigos de comportamento, decoração e moda. Eis alguns exemplos: “Não usarás cinto com fivela de monograma de grife. Não colocarás vidros verdes nas janelas da sua casa, pois eles são uma agressão visual. Não posarás para foto exibindo uma linguinha marota entre os dentes”.
O manual anticafona reflete o posicionamento de Mônica na sociedade. “Sou defensora dos valores femininos. Para mim, a mulher tem o arquétipo da delicadeza. Sou uma mulher alfa, independente, casada há 25 anos, mas também tenho um lado da estética”, afirma.
No lançamento em Lisboa, ela fechou uma parte de um restaurante de luxo. “A turnê do livro não é muito usual. Está baseada em eventos charmosos, em restaurantes, com champanhe, vinho, flores e DJ. É um livro para um público muito específico, para pessoas orientadas ao luxo, à moda”, observa. Ela conta que os 60 lugares no restaurante lotaram e houve muitos pedidos não atendidos.