Israel prossegue ataques no Norte da Faixa de Gaza e mata mais 30 pessoas
O ataque de terça-feira foi um dos mais mortíferos em um ano de guerra. Israel diz ter atingido um “observador” no telhado de um edifício.
Israel atacou a Faixa de Gaza com novos bombardeamentos que mataram, pelo menos, 30 pessoas, na quarta-feira, disseram médicos palestinianos, um dia depois de um dos ataques mais mortíferos da guerra ter matado mais de 90 pessoas, incluindo pelo menos 2o crianças.
Oito das vítimas desta quarta-feira foram mortas num ataque na zona de Salateen, em Beit Lahiya, no Norte de Gaza. A zona fica perto do local onde, segundo os médicos, pelo menos 93 pessoas morreram ou desapareceram na terça-feira, num ataque israelita que Washington classificou como “horrível”.
O Norte de Gaza, onde Israel afirmou em Janeiro ter desmantelado a estrutura de comando do Hamas, é actualmente o foco do ataque militar. No início do mês, Israel enviou tanques para Beit Lahiya, Beit Hanoun e Jabalia, a fim de expulsar os combatentes do Hamas, que, segundo Israel, se tinham reagrupado na zona.
A nova operação já matou mais de mil pessoas. Na quarta-feira, o Ministério da Saúde de Gaza disse que pelo menos 30 pessoas foram mortas em ataques israelitas em todo o enclave, das quais pelo menos 23 em zonas do Norte. O ataque de terça-feira a uma casa em Beit Lahiya matou 93 pessoas, incluindo 20 crianças, segundo os médicos.
Um oficial militar israelita disse que o ataque aéreo, que demoliu um edifício, não se destinava a destruir a estrutura e tinha como alvo uma pessoa no telhado que as tropas tinham identificado como um “observador” no meio de pesados combates.
O oficial, que não pôde ser identificado pelo nome, disse que havia “discrepâncias” entre o número de mortos e o número que os militares tinham observado, mas não entrou em pormenores. Israel afirma que o seu ataque a norte matou centenas de militantes. O Hamas não disse quantos combatentes morreram.
Gritos de socorro
As autoridades de Beit Lahiya emitiram uma declaração a apelar às potências mundiais e às agências de ajuda humanitária para interromper os ataques de Israel e trazer suplementos médicos básicos, combustível e alimentos, ao dizer que as últimas acções militares deixaram a área “sem comida, sem água, sem hospitais, sem médicos”.
Eid Sabbah, médico do Hospital Kamal Adwan de Beit Lahiya, disse à Reuters que os corpos e os feridos continuam presos nos escombros. “Quem está ferido fica deitado no chão e quem está morto não pode ser transportado, excepto em carroças puxadas por mulas”, explicou.
A decisão de Israel, tomada esta semana, de proibir a agência de ajuda humanitária das Nações Unidas, UNRWA, de operar no seu território pode ter um impacto desastroso nos esforços humanitários em Gaza, segundo funcionários da ONU.
Enquanto as famílias fugiam da zona de Beit Lahiya, na semana passada, os pais levavam as crianças em carrinhos de bebé, carrinhos de madeira e arrastavam as malas pela lama.
Dalia al-Kharawat, uma mãe de cinco filhos de Jabalia, implorou aos habitantes da Cidade de Gaza que a deixassem ficar e agora dorme com os seus filhos no parque de estacionamento de um edifício destruído. “Quando precisamos de dormir, vamos para aqui, para os escombros, para a areia, para os vidros partidos. Não há lugar nos abrigos das escolas”, disse ela.