BCP planeia distribuir até 75% dos lucros pelos accionistas nos próximos quatro anos

O banco prevê alcançar lucros acumulados de até 4,5 mil milhões de euros no período de 2025 a 2028 e quer entregar três quartos destes resultados aos accionistas.

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Miguel Maya, presidente executivo do BCP TIAGO PETINGA / LUSA
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O BCP tem um novo plano estratégico para os próximos quatro anos e quer aumentar a remuneração dos seus accionistas. Entre 2025 e 2028, o banco espera atingir lucros acumulados de quatro a 4,5 mil milhões de euros e, alcançando essa meta, distribuir até 75% destes resultados em dividendos pelos accionistas. Dito de outra forma, os investidores do BCP poderão receber mais de três mil milhões de euros nos próximos quatro anos.

O novo plano estratégico foi apresentado, nesta quarta-feira, durante a conferência de imprensa de resultados do BCP, que reportou lucros de 714 milhões de euros no conjunto dos nove primeiros meses deste ano, um crescimento de quase 10% em relação a igual período do ano passado. A tendência de crescimento dos resultados do BCP, à semelhança do que acontece com os restantes bancos, mantém-se há já algum tempo e é nesse contexto que o banco apresenta, agora, um plano onde promete melhorar de forma significativa a remuneração dos seus accionistas.

Para já, a distribuição de dividendos prevista para o próximo ano é equivalente a 50% dos resultados. Contudo, essa percentagem poderá aumentar para 75%, se se verificar uma série de pressupostos assumidos no plano estratégico agora apresentado.

No período acumulado de 2025 a 2028, o banco prevê alcançar resultados líquidos de quatro a 4,5 mil milhões de euros (ou uma média de mil a 1125 milhões de euros por ano). Confirmando-se esta e outras metas (o BCP quer, por exemplo, manter o principal rácio de capital acima dos 13,5%, assim como uma taxa de rendibilidade também acima dos 13,5%), o banco implementará um plano de recompra de acções num valor equivalente a 25% dos resultados líquidos em cada ano, que se somam à distribuição de dividendos de 50% que está, para já, planeada.

"Se concretizarmos os objectivos de negócio que estão definidos, se mantivermos os rácios de capital não só acima da meta de 13,5% que estamos a anunciar, mas também conforme a nossa interpretação relativamente aos riscos de mercado com que nos depararmos, e se tivermos a aprovação do regulador, implementaremos um programa de recompra de acções equivalente a 25% dos lucros, que irá acrescer à política de distribuição de dividendos de 50% dos lucros. Para poder fazer isso, o banco tem de permanecer muito robusto, muito eficiente e com a capacidade de criação de valor", resumiu Miguel Maya, presidente executivo do BCP, durante a conferência de imprensa desta tarde.

Para a distribuição de dividendos relativa ao exercício de 2024, e a ser feita no próximo ano, o banco já submeteu um requerimento ao supervisor para executar uma recompra de acções equivalente a 25% dos lucros. Assim, e se o supervisor der luz verde a este pedido, a remuneração de 75% dos lucros do BCP acontecerá já no próximo ano.

O maior accionista do BCP é o conglomerado chinês Fosun, que, à data de 30 de Junho de 2024, detinha uma participação de 20,03% no capital do banco português. O grupo angolano Sonangol controla outros 19,49% do BCP. Os restantes 60,48% do capital do BCP são relativos a participações não qualificadas, isto é, inferiores a 5% do capital social do banco, e não são detalhadas na página oficial do BCP.

No início deste ano, recorde-se, a Fosun já reduziu a participação no BCP de 30% para os referidos 20% e, no mercado, admite-se a possibilidade de o grupo chinês querer sair do banco português. Já a Sonangol, que actua maioritariamente no sector petrolífero, tem em curso um plano de venda de participações não estratégicas, ainda que não tenha dado qualquer sinal, recentemente, de que pretende vender a posição no BCP.

Confrontado com a possibilidade de saída dos accionistas de referência, o presidente executivo do BCP frisou que a única preocupação do banco que lidera é que "todos os accionistas estejam satisfeitos". "Esta é a lógica natural de um banco, que tem de ter investidores para poder desenvolver-se. Não estamos a pensar em qualquer aumento de capital. O que estamos a dizer é que queremos ter uma relação altamente positiva com o mercado", afirmou, ressalvando que "a Fosun está muito satisfeita com a posição que tem no BCP e quer manter esse investimento".

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