BCP aumenta lucros para 714 milhões até Setembro

Ganhos obtidos com a venda de créditos contribuíram para os ganhos do BCP durante os primeiros nove meses de 2024.

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Miguel Maya, presidente executivo do BCP RODRIGO ANTUNES / LUSA
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O BCP reportou um resultado líquido de 714 milhões de euros no conjunto dos nove primeiros meses deste ano, valor que representa um aumento de quase 10% em relação aos lucros de 650,7 milhões que tinham sido alcançados em igual período do ano passado. A reversão de imparidades de crédito, bem como os ganhos obtidos com a venda de créditos, contribuíram para os ganhos do grupo, que regista um desempenho positivo tanto na actividade doméstica como na Polónia, onde detém o Bank Millennium.

Os resultados foram divulgados, nesta quarta-feira, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). "Nos primeiros nove meses de 2024, o resultado líquido consolidado do BCP ascendeu a 714,1 milhões de euros, o que corresponde a um crescimento de 9,7% face" ao ano passado, pode ler-se no comunicado, que justifica esta evolução com o "desempenho favorável quer da actividade em Portugal, quer da actividade internacional".

Por outro lado, detalha o banco, o aumento do resultado líquido do BCP fica a dever-se, "em larga medida, à evolução favorável das imparidades e provisões". Isto, num período em que o banco reverteu imparidades (na prática, o reconhecimento, no balanço de um banco, de perdas incorridas com créditos que não sejam pagos) de forma significativa. No final de Setembro, o montante total de imparidades de crédito era de 166,5 milhões de euros, menos 44,9 milhões de euros do que no ano passado. Já a rubrica de outras imparidades e provisões diminuiu de 602,4 milhões para 460,9 milhões este ano. O BCP destaca, em particular, a redução das provisões que tinham sido constituídas para fazer face ao risco de litigância no caso da carteira de crédito em francos suíços na Polónia.

A isto, somam-se os "proveitos reconhecidos com a alienação de créditos" durante os primeiros nove meses deste ano, que contrastam com as perdas registadas com este tipo de operação no ano passado.

A contribuir para os lucros do BCP esteve, ainda, a vertente operacional da actividade, durante um período em que o banco obteve mais receitas por via das comissões cobradas aos clientes. Ao todo, as receitas alcançadas com comissões líquidas ascenderam a 601,8 milhões de euros no conjunto de Janeiro a Setembro, mais 4% do que no ano passado. Este crescimento verificou-se tanto em Portugal como na actividade internacional do BCP; por cá, justifica o banco, o crescimento fica a dever-se ao "acréscimo nas comissões relacionadas com a actividade de bancassurance" (oferta combinada de produtos bancários e de seguradoras).

Por outro lado, a margem financeira (indicador que mede a diferença entre os juros cobrados no crédito e os juros pagos nos depósitos) totalizou cerca de 2,1 mil milhões de euros, um montante expressivo que, ainda assim, representa uma ligeira queda, de 0,3%, em relação ao ano passado. Esta evolução, aponta o banco, "decorre de dinâmicas distintas, uma vez que o impacto do aumento da margem financeira na actividade internacional foi integralmente absorvido pela redução a que se assistiu na margem financeira da actividade em Portugal".

Já os custos operacionais totalizaram 946,6 milhões de euros no conjunto dos nove primeiros meses do ano, mais 10,8% do que no ano passado, um aumento que é explicado pelo agravamento dos custos com pessoal e outros gastos administrativos.

Procura de crédito abranda em Portugal

Do lado da actividade comercial, o BCP também regista melhorias, mas, sobretudo, graças às subsidiárias internacionais.

A carteira de crédito do grupo totalizou perto de 57,5 mil milhões de euros, um aumento de 1,5% em relação ao ano passado. Considerando apenas o crédito a particulares, a carteira aumentou em 6% e totalizou quase 36 mil milhões de euros, enquanto o crédito a empresas recuou mais de 5%, fixando-se em 21,5 mil milhões de euros.

Esta evolução reflecte apenas o aumento registado na actividade internacional, enquanto, em Portugal, se verificou uma queda de cerca de 2% da carteira de crédito. Esta quebra, justificou o presidente executivo do BCP durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco, explica-se pela diminuição da procura, num período em que as taxas de juro permaneceram em níveis elevados.

Ainda no que diz respeito ao crédito, o BCP viu a qualidade da carteira manter-se, com o rácio de crédito malparado (non performing-loans, ou NPL) a permanecer inalterado em 1,4%.

Já os recursos de clientes aumentaram em 9% e totalizaram 100,8 mil milhões de euros. Aqui, destaca-se o crescimento de 9% dos depósitos de clientes, que ascenderam a mais de 82 mil milhões de euros. Também neste caso, contudo, se verifica que o maior crescimento (de quase 17%) foi na actividade internacional, enquanto em Portugal os recursos de clientes aumentaram em 6%.

Também os níveis de capital se mantiveram inalterados, com o rácio de common equity tier 1 a fixar-se em 16,5% no final de Setembro, tal como no ano passado, um nível que fica "confortavelmente acima dos rácios mínimos regulamentares".

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