Na Taça da Liga, para um grande mal, o Benfica aplicou um grande remédio

Como resolver a falta de criatividade no meio, a falta de arte na ala e a falta de presença no ataque? Lançar gente como Kokçu, Di María e Pavlidis. O luxo de Lage decidiu o duelo com o Santa Clara.

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Benfica e Santa Clara em duelo na Luz ANT??NIO COTRIM / LUSA
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Falta de criatividade de Renato Sanches, movimentos unidimensionais de Amdouni e pouca presença na área com Arthur Cabral frente ao Santa Clara, na Taça da Liga. Nesta quarta-feira, o Benfica tinha um grande mal – em rigor, até eram três – e aplicou um grande remédio, com triunfo por 3-0 que leva a equipa para as meias-finais.

Quantos treinadores podem tirar do banco gente do calibre de Kokçu, Di María e Pavlidis? Poucos. E Bruno Lage teve impacto imediato com o que fez.

A entrada de Kokçu desbloqueou o jogo “mastigado” de Renato Sanches, a entrada de Di María, sobretudo por estar tão fresco contra adversários desgastados, dotou a equipa de soluções mais variadas do que com Amdouni e melhorou o desempenho de Bah e Aursnes e, por fim, a entrada de Pavlidis obrigou o Santa Clara a ter centrais ocupados com dois avançados em simultâneo. E tudo se construiu facilmente.

Renato pouco útil

Para este jogo, Bruno Lage manteve o desenho do jogo anterior, com algo mais próximo de um 4x4x2, deixando de vez o 4x3x3. Akturkoglu manteve-se como segundo avançado, Renato foi o Kokçu deste jogo e Amdouni foi o Di María.

Estas duas alterações até nem parecem ser demasiadas trocas, mas a dinâmica de jogo mudou radicalmente.

No meio, porque Renato Sanches em ataque posicional é um jogador bastante menos útil do que Kokçu. Falta-lhe último passe (só aos 36’ fez um), fluidez na circulação e criatividade, sendo mais capaz quando há espaço para correr – e ele não existia frente a um bloco baixo e de linhas bem juntas.

Na direita, porque Amdouni, por indicação de Lage ou não, forçava sempre movimentos interiores, mas sem ter o pé esquerdo que ajudasse a criar por dentro.

Frente a uma defesa a cinco bem densa e uma segunda de quatro também bastante junta, faltava capacidade de pedir em apoio e arrastar defensores – algo que Di María consegue fazer.

Amdouni travava Aursnes

Curiosamente, o jogo começou com um movimento vertical de Aursnes a pedir no espaço, numa jogada que acabou com cabeceamento de Beste e uma grande defesa de Gabriel Batista.

Mas essa movimentação do médio do Benfica – muito vista e absolutamente decisiva no jogo anterior – acabou por ser um oásis, já que Aursnes abdicou desses movimentos, talvez por Amdouni ser um relativo “empecilho” naquela zona, por fazer movimentos nesses terrenos, ao contrário de Di María.

Na esquerda, Beste e Carreras conseguiram algumas combinações interessantes, mas o alemão, se marcado de perto, também se torna previsível, por não ter um contra um – é mais forte quando tem espaço para cruzar, algo em que é exímio.

Não era difícil adivinhar que Renato e Amdouni acabariam por dar os lugares a Kokçu e Di María e isso aconteceu logo ao intervalo.

Arte de Di María

O argentino, com muito maior variabilidade de movimentações, ora por dentro, ora por fora, criou maior dúvida nos defensores, permitiu a Bah pisar outros terrenos e abriu também um espaço para Aursnes aproveitar vindo de trás.

Isso abriu um mundo de possibilidades para os “encarnados”, que criaram vários lances de perigo, sobretudo através de cruzamentos não finalizados e de incursões de Di María de fora para dentro, quando Bah e Aursnes fixavam os adversários.

Aos 71’, o Benfica fez algo bastante sagaz. Depois de 25 minutos a “carregar” insistentemente no corredor direito, variou para o esquerdo, contando com a desadequação do adversário a essa variação repentina. Carreras e Pavlidis trabalharam bem, o grego cruzou e depois fez-se magia.

De primeira, no ar e à meia-volta, Di María fez um remate tremendo, fazendo seguramente um dos melhores golos da carreira.

Aos 76’, Kokçu fez um passe tremendo a rasgar toda a defesa, libertou Carreras e o espanhol assistiu Pavlidis para um golo muito aguardado por alguém em “seca” de golos. Aos 81’, um cruzamento de Di María encontrou Otamendi, que assistiu Pavlidis para o 3-0.

Entre Kokçu, Di María e Pavlidis houve três golos, uma assistência e duas participações indirectas em golos.

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