Coligação para a Paz com a Natureza junta 21 países contra a “era da extinção humana”

Na Cimeira da Biodiversidade debatem-se os próximos passos das nações mundiais para combater a destruição da natureza até 2030. Ainda não há consensos no que toca ao aumento do financiamento.

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Na COP16, líderes mundiais decidem as metas de conservação da natureza até 2030 ERNESTO GUZMAN JR. / EPA
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A Colômbia anunciou na terça-feira uma coligação com outros 20 países que pretendem seguir o mote da cimeira da biodiversidade e estabelecer a "paz com a natureza", numa altura em que os líderes mundial alertam para o facto de a rápida destruição do ambiente poder levar à extinção da humanidade.

A COP16 da Biodiversidade, a cimeira das Nações Unidas que conta com a presença de quase 200 países e está a decorrer na cidade montanhosa de Cali, na Colômbia, assumiu o objectivo de travar o declínio da natureza até 2030, à medida que à medida que a acção humana provoca a perda de habitats, as alterações climáticas, a poluição e outras actividades que destroem a biodiversidade.

A Coligação Mundial para a Paz com a Natureza inclui países de quatro continentes, entres eles Chile, México, Suécia e Uganda, mas não inclui nenhum país da região Ásia-Pacífico.

A declaração está aberta a qualquer país que concorde com um conjunto de princípios destinados a mudar a relação da humanidade com a natureza para viver em harmonia com o meio ambiente. Entre esses princípios estão incluídos o financiamento para a conservação e o desenvolvimento sustentável, a cooperação internacional e a mobilização de toda a sociedade para a preservação da natureza.

"Era da extinção"

Na abertura da COP16, que reuniu seis chefes de Estado e mais de 100 ministros (Portugal estará representado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas)​, os líderes alertaram que, ao destruir a natureza, a humanidade estava a matar a si mesma.

"Estamos a entrar na era da extinção humana. Penso que não estou a exagerar", afirmou o Presidente da Colômbia, Gustavo Petro. Para o chefe de Estado colombiano, o mundo não pode estar à espera que salvar a natureza seja lucrativo, acrescentando que o mercado não vai salvar a humanidade e o valor da vida deve ser colocado acima do dinheiro.

"A natureza é vida. E, no entanto, estamos a travar uma guerra contra ela. Uma guerra onde não há vencedores", referiu António Guterres, secretário-geral da ONU, no seu discurso na abertura do segmento de alto nível da COP16​. "É assim que uma crise existencial funciona", concluiu.

Financiamento

Os líderes mundiais esperam que a COP16 seja um ponto de viragem para a conservação da natureza, numa corrida para começar a implementar os 23 objectivos para travar a destruição da natureza até 2030 estabelecidos no Quadro Global da Biodiversidade (GBF, na sigla em inglês) de Kunming-Montreal de 2022.

Na terça-feira, os países estavam ainda longe de chegar a um acordo sobre como fazer avançar a vasta agenda do GBF, com um impasse em particular no que toca ao aumento do financiamento.

Algumas nações anunciaram novos compromissos de financiamento para um fundo global para a biodiversidade, ascendendo a milhões de euros. Os observadores, contudo, notam que os números ficam muito aquém dos 200 mil milhões de dólares anuais (cerca de 185 milhões de euros) definidos no GBF para a conservação e preservação de 30% do planeta - ou sequer dos 20 mil milhões de dólares prometidos pelos países desenvolvidos na cimeira de Kunming-Montreal.

"Hoje podemos mudar", afirmou Daniel Noboa, Presidente do Equador. "Quero acreditar que podemos mudar e que o mundo não vai acabar", conclui.