Uruguai: vitória amarga da esquerda à primeira volta dá alento a coligação de direita

Apesar de Yamandu Orsi, de centro-esquerda, ter sido o candidato mais votado, os partidos de direita e centro-direita somam mais votos e elegeram mais representantes nas duas câmaras do congresso.

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Yamandu Orsi, candidato de centro-esquerda, foi o mais votado na primeira volta das presidenciais Mariana Greif / REUTERS
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Yamandu Orsi, o candidato de centro-esquerda “herdeiro” do ex-Presidente Pepe Mujica, foi o mais votado na primeira volta das eleições presidenciais, disputada no domingo. Mas é uma vitória amarga: os 43,9% dos votos obtidos não só não garantiram já a eleição, como deixam a Frente Ampla em desvantagem para a segunda volta, pois a soma dos partidos da aliança governista de direita chega a 47% contra quase 44% da esquerda.

Alvaro Delgado, do Partido Nacional, no poder, teve mais do que motivos para celebrar, apesar da distância a que ficou do candidato mais votado. “As urnas falaram, o Uruguai disse que a coligação é o projecto político mais votado do país”, disse no domingo à noite, citado pelo El País.

É matemática: aos 28,7% dos votos no seu nome junta os 17% do jovem conservador de direita Andres Ojeda. Os restantes candidatos obtiveram, juntos, menos de 5% dos votos, mas são de direita ou parceiros da coligação no poder e irão juntar as suas forças para a segunda volta, a disputar a 24 de Novembro.

Por outro lado, no domingo também se elegeram os membros das duas câmaras do Congresso – 99 deputados e 30 senadores – e, segundo as primeiras projecções, o bloco governante poderá alcançar a maioria na Câmara dos Deputados, com 30 legisladores do Partido Nacional (centro-direita), 17 do Partido Colorado (centro), dois do Cabildo Abierto (partido nacional-populista ), e um do Partido Independente.

A Frente Ampla, de centro-esquerda, conquistou 47 lugares (os resultados finais ainda podem variar) e a grande novidade é a entrada na Câmara dos Deputados do partido anti-sistema Identidade Soberana, com dois lugares. No caso do Senado, o cenário é ainda mais equilibrado. A esquerda obteria 16 lugares, nove para o Partido Nacional e cinco para o Partido Colorado, segundo o El País.

A disputa entre dois candidatos centristas no Uruguai contraria uma tendência latino-americana de acentuadas divisões entre direita e esquerda, com uma sobreposição significativa entre as principais coligações conservadoras e liberais, o que retira um pouco do impacto do resultado.

O país de 3,4 milhões de habitantes, conhecido pelas suas praias, marijuana legalizada e estabilidade, também votou no domingo para dois referendos vinculativos: um sobre uma reforma das pensões que reduziria a idade da reforma dos 65 para os 60 anos, e outro que aumentaria os poderes da polícia para combater a criminalidade relacionada com a droga. Os dois plebiscitos foram rejeitados.

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