Primeiro-ministro japonês quer continuar a governar em minoria

Apesar de ter falhado a maioria nas eleições legislativas de domingo, Shigeru Ishiba – que sucedeu a Fumio Kishida – diz que não pretende alargar a coligação governamental.

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O primeiro-ministro Shigeru Ishiba quer continuar, apesar do mau resultado eleitoral KIM KYUNG-HOON / POOL / EPA
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O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou nesta segunda-feira que quer continuar a governar o Japão, mesmo em minoria. O seu partido, o Partido Liberal Democrático (LDP), e o Novo Komeito, que compunham a coligação governamental que estava no poder desde 2012, não conseguiram alcançar a maioria dos deputados na Câmara dos Representantes do Parlamento após as eleições legislativas realizadas no domingo.

"Continuaremos a fazer avançar a política nacional de uma forma estável", disse Ishiba, reagindo aos resultados eleitorais, assegurando que, apesar de ter falhado o objectivo que definiu quando decidiu antecipar a data das eleições, não quer expandir a coligação governamental.

"Quero cumprir o meu dever, protegendo a vida das pessoas, protegendo o Japão", afirmou o líder do LDP, sublinhando que a política nacional "não pode estagnar nem por um momento".

Segundo o primeiro-ministro, que tomou posse no primeiro dia deste mês, antes de convocar eleições, o seu Governo vai propor "reformas fundamentais de financiamento e políticas" e adoptar "o que deve ser adoptado" vindo dos partidos da oposição.

Os resultados no Japão ditaram aquilo que o LDP menos queria. O partido de centro-direita, que tem sido uma constante no poder desde o fim da Segunda Guerra Mundial, salvo dois curtos interregnos, foi abanado por um escândalo de corrupção que provocou a demissão de Fumio Kishida. Pretendendo reafirmar a confiança no partido e no Governo, Ishiba decidiu marcar eleições antecipadas, pouco depois de ter chegado a líder dos conservadores japoneses.

A coligação entre o LDP e o Komeito, um partido centrista, só elegeu 215 deputados na Câmara dos Representantes (abaixo dos 233 necessários para a maioria), o que dificulta qualquer processo de formação de governo, já que, em conjunto, os partidos da oposição, liderados pelo Partido Constitucional Democrático (CDP, de centro-esquerda), obtiveram 235 deputados.

A sessão parlamentar especial para a escolha do nome de quem assumirá a liderança do Governo na próxima legislatura deve decorrer no próximo dia 11 de Novembro.

Os partidos da oposição à direita, o Partido da Inovação e o Partido Democrático Popular (DPP), mais próximos ideologicamente do Governo, também rejeitaram juntar-se a uma nova coligação de com o LDP e o Komeito.

O líder do DPP, Yuichiro Tamaki, afirmou, ainda assim, aos jornalistas que o partido está aberto a "discussões de coordenação" com os dois principais partidos, o LDP e o CDP, de acordo com a agência noticiosa japonesa Kyodo. "Se houver boas políticas, cooperaremos, e se houver más políticas, diremos não", resumiu.

Já Fumitake Fujita, secretário-geral do Partido da Inovação, partido liberal e conservador que obteve o segundo melhor resultado na oposição (38 deputados), afirmou que "não existe a possibilidade" de o partido se juntar aos dois partidos, afirmando que "a sua postura política é absolutamente incompatível com a nossa".

A ideia foi corroborada pelo líder do partido, Nobuyuki Baba, que, depois de ter demonstrado abertura durante a campanha para se unir ao LDP, sublinhou nesta segunda-feira numa conferência de imprensa que agora não estão "a pensar nisso de todo".

Os partidos mais à esquerda e que se podiam juntar ao CDP, nomeadamente o Partido Comunista e o Reiwa Shinsengumi, só obtiveram oito deputados cada, o que não permite uma maioria parlamentar de esquerda.

O líder do CDP, o antigo primeiro-ministro Yoshihiko Noda, afirmou que a prioridade era discutir com outros partidos da oposição, antes de entrar em discussões com os partidos do Governo.

Segundo o secretário-geral do Partido da Inovação, conversações com o CDP são uma possibilidade "consideravelmente baixa", já que o partido colaborou com o Partido Comunista em alguns círculos eleitorais.

Já o líder do DPP, quando questionado sobre possíveis conversações com o CDP, respondeu que "é essencial ser coerente" com as "políticas de base" do partido, alinhado ao centro-direita.

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