Espanha: líder do partido de Iñigo Errejón diz não saber que ex-deputado “era um agressor”

A ministra da Saúde espanhola e porta-voz do Más Madrid, partido regional de Errejón, diz que, se soubesse dos casos, teria ido “directamente a uma esquadra da polícia”.

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As três porta-vozes do Más Madrid discutiram o caso Errejón numa conferência de imprensa Daniel Gonzalez / EPA
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A co-porta-voz de Más Madrid e ministra da Saúde, Mónica García, disse numa conferência de imprensa, nesta segunda-feira que a organização política pensava que Íñigo Errejón, fundador do partido e da contraparte nacional, o Más País, tinha outros problemas pessoais, pelo que “diferentes pessoas do partido falaram com ele e recomendaram-lhe que procurasse ajuda profissional”. “Se soubéssemos que ele era um agressor, acreditem que não teríamos recomendado ajuda profissional. Teríamos ido directamente a uma esquadra de polícia”, afirmou.

Reconhecendo que não cabe ao Más Madrid entrar nos pormenores pessoais da vida do ex-deputado, salientou que a organização política pensava “que ele tinha problemas pessoais, que eram de outra natureza”.

“Tentámos ajudá-lo em várias ocasiões e sempre acreditámos que a sua situação pessoal podia melhorar. Mas ninguém, repito, ninguém, nenhum militante, nenhum funcionário, nenhum trabalhador do Más Madrid sabia das terríveis acusações, denúncias de agressão, abuso e violência sexual de que temos tido conhecimento nos últimos dias”, sublinhou.

Numa declaração à imprensa partilhada com as co-porta-vozes Rita Maestre e Manuela Bergerot, García fez uma referência velada ao comunicado de Errejón para lançar que “isto não é sobre neoliberalismo, isto não é sobre subjectividade tóxica ou estar na linha da frente política, o que está em causa é a agressão sexual e o machismo”.

“Más Madrid nunca recebeu qualquer denúncia”

Errejón reconheceu ter tido, em várias ocasiões, comportamentos machistas como os descritos. Depois de confirmar a credibilidade destes comportamentos, coordenámos com o Movimento Sumar a cessação de todos os seus cargos e a entrega do seu assento parlamentar, como eles também estavam a considerar na altura”, recordou.

“O Más Madrid nunca recebeu qualquer denúncia, nem qualquer testemunho concreto, actual ou no passado, contra Errejón. Também não teve nem tem conhecimento de episódios semelhantes aos que foram relatados nos últimos dias”, observou.

Agora, no Más Madrid, estão “em choque”, continuou Mónica García, por se aperceberem de que o seu colega é “uma pessoa completamente diferente e que foi acusado de actos horríveis”.

“Não reconheceu nenhum crime”

Mónica García destaca o facto de se tratar de “violência sexual, agressão, viver com uma pessoa que tem duas caras”.

"Estou convencida de que ninguém, em nenhum espaço político que tenha convivido com Íñigo Errejón, sabia disto. Ele reconheceu comportamentos machistas", dando "credibilidade ao fio condutor que a jornalista Cristina Fallarás estava a publicar, embora não tenha reconhecido nenhum facto concreto".

"Ele não reconheceu nenhum crime, não reconheceu que o que Cristina Fallarás publicara era verdade", disse Mónica García, que observou que "ninguém na sociedade, nenhum partido político, nenhuma empresa, nenhum espaço público está livre de casos como este", o que a levou a afirmar que a resposta tanto de Más Madrid como de Sumar "tem sido contundente", uma vez que se aperceberam da gravidade das acusações de violência sexista.

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