Desacatos em Lisboa. Caixotes de lixo incendiados e três suspeitos identificados
Em comunicado, a PSP realçou ainda o registo de uma tentativa de fogo posto e de rebentamento de petardos e o apedrejamento de uma loja num centro comercial.
A PSP anunciou este domingo que identificou mais três suspeitos e registou sete casos de incêndios em mobiliário urbano, maioritariamente em caixotes de lixo, na zona de Lisboa, em distúrbios após a morte de um homem pela polícia na Amadora.
Em comunicado, a PSP realçou ainda o registo de uma tentativa de fogo posto e de rebentamento de petardos e o apedrejamento de uma loja num centro comercial.
As ocorrências foram registadas nos concelhos de Almada, Lisboa, Loures e Odivelas.
Anteriormente, os Sapadores Bombeiros de Lisboa tinham indicado alguns caixotes do lixo queimados durante a noite na zona das Galinheiras.
No comunicado, a PSP indicou que "tudo fará para, em coordenação com as outras Forças e Serviços de Segurança, levar à justiça os suspeitos de todos os crimes que têm sido praticados nos últimos dias".
O funeral de Odair Moniz, baleado pela polícia na segunda-feira, na Amadora, realiza-se na tarde deste domingo na Buraca, ao fim de quase uma semana de desacatos na Área Metropolitana de Lisboa e de duas manifestações na capital.
No sábado, realizaram-se duas manifestações em Lisboa, uma convocada pelo movimento Vida Justa para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, outra marcada pelo Chega "em defesa da polícia", que decorreram de forma "pacífica, em serenidade e com civismo", segundo a PSP.
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, foi baleado na madrugada de segunda-feira, no Bairro Cova da Moura, também na Amadora, no distrito de Lisboa.
Segundo a PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca". Uma versão que está a ser desmentida por testemunhas, embora já tenha sido reafirmada pela PSP.
A associação SOS Racismo e o movimento Vida Justa contestaram a versão policial e exigiram uma investigação "séria e isenta" para apurar responsabilidades, considerando que está em causa "uma cultura de impunidade" nas polícias. A Inspecção-Geral da Administração Interna e a PSP abriram inquéritos e o agente que baleou o homem foi constituído arguido.
Desde segunda-feira, a PSP registou na Área Metropolitana de Lisboa mais de 100 ocorrências de distúrbios na via pública e deteve mais de 20 pessoas, contabilizando-se ainda sete feridos, um dos quais com gravidade.