Caso das gémeas: Costa diz que não teve conhecimento do envolvimento de membros do Governo
Antigo primeiro-ministro respondeu a novas perguntas do Chega, no âmbito da comissão parlamentar de inquério ao caso das gémeas.
O ex-primeiro-ministro António Costa garantiu que não teve conhecimento do envolvimento de qualquer membro do Governo no caso das gémeas luso-brasileiras, segundo as respostas enviadas à comissão de inquérito e às quais a Lusa teve acesso.
"Não tive conhecimento do envolvimento de qualquer membro do Governo neste caso", afirmou o ex-governante, depois de o Chega o questionar sobre a alegada "acção de outros membros do Governo".
António Costa esclareceu à comissão parlamentar de inquérito que o Governo "agiu com diligência para apurar o ocorrido através da entidade do Ministério da Saúde com competência para o efeito, a IGAS [Inspeção-Geral das Actividades em Saúde]", fazendo o "que lhe competia e quando o devia".
Em resposta apenas ao Chega, que foi o único partido a pedir novos esclarecimentos a António Costa, o antigo primeiro-ministro recordou que teve conhecimento do caso pela comunicação social em Novembro de 2023.
"Só tomei conhecimento do caso com a sua divulgação pela TVI. Logo em 05 de Novembro [de 2023] foi instaurado um processo de inspecção por parte da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, cujas conclusões foram entregues ao Governo em 01 de Abril [de 2024], véspera do dia em que cessei funções como primeiro-ministro", salientou.
Nas respostas escritas em três páginas, António Costa lembrou que há um processo aberto pelo Ministério Público, considerando que se deve respeitar os trabalhos.
"Aguardo respeitosamente, como me compete, o cabal apuramento dos factos e a sua avaliação política e qualificação jurídica, respectivamente, por parte desta comissão parlamentar e das entidades competentes, no âmbito do processo-crime em curso", sublinhou.
À Lusa, o presidente da comissão de inquérito ao caso das gémeas, Rui Paulo Sousa, confirmou que as respostas deram entrada esta sexta-feira na comissão e vão ser disponibilizadas no site da Assembleia da República como as anteriores.
Em 16 de Outubro, o Chega foi único a solicitar mais esclarecimentos a António Costa, com os outros partidos a decidirem não colocar novas questões através da comissão parlamentar de inquérito.
Contactados pela agência Lusa, PSD, PS, IL, BE, PCP, Livre, CDS-PP e PAN disseram que não iam apresentar novas perguntas a António Costa no âmbito da comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras que receberam um medicamento de milhões de euros.
O Chega decidiu chamar potestativamente à comissão de inquérito o antigo primeiro-ministro, depois de António Costa ter respondido por escrito à primeira ronda de perguntas. O ex-governante, que não é obrigado a responder presencialmente, indicou que voltaria a responder por escrito às questões que lhe sejam encaminhadas.
As novas perguntas do Chega surgiram depois de o líder do partido, André Ventura, ter dito no mês passado que as respostas enviadas pelo ex-primeiro-ministro António Costa ao parlamento deixavam "no ar muitíssimas interrogações" e eram "ineficazes e incompletas".