Zelensky recusa receber Guterres após “humilhação” em Kazan

O secretário-geral das Nações Unidas encontrou-se com Vladimir Putin nesta quinta-feira na Rússia, no âmbito da cimeira dos BRICS.

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O Presidente russo, Vladimir Putin, com o secretário-geral da ONU, António Guterres, em Kazan, esta quinta-feira Mikhail Metzel / REUTERS
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O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, recusou-se a receber o secretário-geral das Nações Unidas em Kiev, devido à visita de António Guterres à cidade russa de Kazan para a 16.ª cimeira dos BRICS, onde se encontrou com Vladimir Putin.

“Depois de Kazan, [Guterres] quis vir à Ucrânia, mas o Presidente não confirmou a sua visita” face ao que Zelensky considerou uma humilhação infligida ao direito internacional em Kazan, revelou um alto funcionário presidencial ucraniano à agência France-Presse, sob condição de anonimato.

Na quinta-feira, António Guterres defendeu um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza e apelou à paz no Líbano e na Ucrânia, ao intervir na reunião dos BRICS, bloco que junta as chamadas "economias emergentes" globais.

“Precisamos de paz em todo o lado. Precisamos de paz em Gaza com um cessar-fogo imediato e uma libertação imediata e incondicional de todos os reféns”, disse Guterres, recentemente declarado persona non grata pelo Governo israelita.

Em solo russo, Guterres também apelou à paz na Ucrânia, ocupada por tropas de Moscovo desde Fevereiro de 2022: “Uma paz justa, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e as resoluções da Assembleia Geral."

O grupo BRICS foi fundado informalmente em 2006 e inclui países que representam cerca de um terço da economia mundial e mais de 40% da população global.

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são as nações fundadoras. Em Janeiro passado, os BRICS foram alargados à Arábia Saudita, Etiópia, Irão, Egipto e Emirados Árabes Unidos. Países como a Turquia, o Azerbaijão e a Malásia também se candidataram e deverão ser os próximos a juntar-se.

Desde a invasão da Ucrânia, que provocou um afastamento entre a Rússia e os Estados Unidos, a União Europeia e a NATO, entre outros aliados do Ocidente, o Kremlin tem recorrido aos BRICS para cimentar alianças e mostrar força a nível internacional.