Apesar dos avisos judiciais, Musk já deu dois milhões de dólares a dois eleitores

Carta da secção que investiga possíveis violações da lei relacionadas com eleições foi enviada ao grupo pró-Trump de Musk, que desde o início do mês doou 44 milhões de dólares à campanha republicana.

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Elon Musk discursa num evento do seu grupo American PAC na Pensilvânia, EUA Rachel Wisniewski / REUTERS
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O Departamento de Justiça dos EUA alertou Elon Musk de que as suas doações de um milhão de dólares a eleitores registados em estados indecisos podem estar a violar a lei federal. No passado fim-de-semana, o CEO da Tesla prometeu dar, todos os dias até às presidenciais americanas de 5 de Novembro, um milhão de dólares (cerca de 919.600 euros) a uma pessoa que assine a sua petição de apoio à Primeira e Segunda emendas da Constituição dos EUA, ou seja, a liberdade de expressão e o direito ao porte de armas.

Desde o anúncio, Musk já entregou os tais cheques chorudos a duas pessoas: o primeiro a um homem em Harrisburg no sábado e o segundo a uma mulher em Pittsburgh no domingo.

A lei federal proíbe que sejam feitos pagamentos a pessoas para que estas se registem para votar em eleições, mas o apelo lançado por Musk promete dar esse dinheiro a quem assinar a petição e não a quem se registar para votar em Novembro. O problema é que, para assinar a petição, os eleitores devem estar registados em estados específicos, daí o alerta judicial.

Segundo noticia a CNN, que cita várias fontes, uma carta da secção de integridade pública do Departamento de Justiça, que investiga possíveis violações da lei relacionadas com as eleições, foi enviada nos últimos dias ao grupo pró-Trump de Musk.

“Queremos tentar fazer com que mais de um milhão, talvez dois milhões de eleitores nos estados campo de batalha assinem a petição em apoio à primeira e segunda emendas”, disse Musk ao anunciar o sorteio num evento de campanha de Trump em Harrisburg, Pensilvânia, no passado sábado. “Vamos premiar um milhão de dólares, aleatoriamente, a pessoas que assinem a petição, todos os dias, de hoje até às eleições.”

Musk criou o America PAC, um comité de acção política que fundou para apoiar a campanha presidencial de Trump, e doou, entre Julho e Setembro, cerca de 72 milhões de dólares (66 milhões de euros) ao grupo, que está a ajudar a mobilizar e a registar os eleitores nos estados mais relevantes que podem decidir o resultado. Nos Estados Unidos, um PAC é uma organização isenta de impostos que reúne contribuições de campanha de membros e doa esses fundos para campanhas a favor ou contra candidatos, iniciativas de votação ou legislação.

Depois de o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, um democrata e ex-procurador-geral do estado, dizer no domingo que o sorteio era "profundamente preocupante" e merecia escrutínio legal, Musk respondeu, no X (antigo Twitter) que era "preocupante" que Shapiro "dissesse tal coisa".

Em resposta a outra publicação que alegava que o CEO da Tesla, considerado pela Forbes o homem mais rico do mundo, estava a "pagar para eleitores republicanos se registarem", Musk disse que os vencedores "podem ser de qualquer partido político ou de nenhum" e que "nem precisam de votar".

A agência Reuters também avança esta sexta-feira que o grupo do multimilionário doou, só na primeira quinzena de Outubro, mais 44 milhões de dólares (cerca de 40 milhões de euros) à campanha de Trump, que depende fortemente de grupos externos para angariar eleitores, o que significa que o super-PAC fundado por Musk desempenha um papel descomunal no que se espera ser uma eleição acirrada entre Trump e a vice-presidente Kamala Harris.

Separadamente, e segundo mostram documentos federais, a campanha de Trump relatou ter gasto mais de 88 milhões de dólares em anúncios na primeira metade do mês, ficando com cerca de 36 milhões no banco para a recta final da campanha. A campanha do ex-Presidente angariou 16 milhões durante o mesmo período.

A campanha de Harris, que gastou mais do que a do seu adversário nos últimos meses, relatou ter gasto mais de 130 milhões em anúncios no início de Outubro. A campanha da vice-presidente angariou 97 milhões de dólares durante a primeira metade do mês e tinha 119 milhões no banco a 16 de Outubro, de acordo com os registos da Comissão Eleitoral Federal.

Outro super-PAC conservador, o Sentinel Action Fund, também confirmou ter recebido 2,3 milhões de dólares de Musk. Os donativos de Musk ao America PAC colocam-no no clube exclusivo dos megadoadores republicanos, uma lista que também inclui o herdeiro da banca Timothy Mellon e a magnata dos casinos Miriam Adelson. No entanto, Musk financiou secretamente um grupo político conservador durante anos, muito antes do seu apoio público a Trump.

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