Encontrada em Pompeia uma casa decorada com frescos eróticos

Obras representam um sátiro (semideus metade humano, metade bode) abraçado a uma ninfa nua, por exemplo, ou a princesa da mitologia grega Fedra a tentar seduzir o seu enteado Hipólito.

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Em Pompeia, uma pequena mansão decorada incluía frescos retratando cenas eróticas recém descobertas dr
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Descobertas foram feitas no quarteirão de Pompeia designado Insula dei Casti Amanti dr
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No âmbito de uma investigação arqueológica a decorrer actualmente na cidade italiana de Pompeia, soterrada pelas cinzas do vulcão do monte Vesúvio em 79 d.C., foi descoberta uma pequena mansão cuja decoração incluía frescos retratando cenas eróticas. Um deles retrata um sátiro (semideus das florestas metade humano, metade bode) aos abraços com uma ninfa nua na cama, enquanto outro mostra um casal que, escreve o The Art Newspaper, “pode ser Vénus e Adónis”.

Uma terceira obra mostra, em trajes mínimos, Fedra, que segundo a mitologia grega, se apaixonou pelo seu enteado Hipólito — que Fedra acusou de violação após a ter rejeitado. Hipólito — que no fresco surge com um ar de espanto, escreve o jornal britânico The Times — foi desfeito por cavalos como resultado das queixas de Fedra, que, consumida pela culpa, viria de seguida a pôr fim à sua vida.

A residência contendo estas obras foi descoberta no âmbito de uma investigação arqueológica que está a decorrer num quarteirão de Pompeia designado Insula dei Casti Amanti (Ínsula dos Amantes Castos, em português). Esta não é a primeira vez que se fala de arte erótica na cidade italiana: no ano passado, reabriu ao público, após duas décadas de trabalhos de requalificação, a casa que pertencia a Aulo Vécio Restituto e Aulo Vécio Conviva, dois ex-escravos que, uma vez livres, asseguraram a sua riqueza vendendo vinho. No corredor de entrada da casa há um fresco em que Príapo, deus grego da fertilidade, coloca o seu pénis gigante numa balança.

“As pessoas de Pompeia pintavam símbolos fálicos nas suas casas acreditando que eles traziam riqueza, fertilidade e sorte”, pode ler-se no The Times. Gabriel Zuchtriegel, director do Parque Arqueológico de Pompeia, explicou a esta publicação que a mansão agora descoberta distingue-se por não ter um átrio — “o pátio central típico da arquitectura romana do século VI a.C. em diante”, como escreve o The Times.

Inicialmente, este espaço estava associado aos romanos abastados que nele viam “um lugar para exibir heranças de família”, contextualiza Zuchtriegel. Mas “à medida que Roma entrou no século II d.C., muitos escravos libertos e mercadores de origem humilde estavam a alcançar estatuto social. (...) Mais do que um átrio, começavam a ser roupas e jóias os objectos que evidenciavam estatuto. Não ter átrio estava a começar a tornar-se uma escolha — e vemos essa tendência a emergir em Pompeia.”

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