Portugal e EUA juntos na utilização de fibras naturais na construção civil e na saúde

Os projectos têm como objectivo aproveitar os resíduos marinhos com maior impacto no meio ambiente, como as redes de pesca, em construções civis mais sustentáveis assim como em materiais para a saúde.

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Material de pesca representa mais de 85% do lixo de plástico no mar Matilde Fieschi
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O Instituto de Inovação em Materiais Fibrosos e Compósitos (Fibrenamics) e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) vão trabalhar juntos em dois projectos que visam o aproveitamento de redes de pesca, algas, madeira ou cânhamo para criar fibras com aplicação na construção civil, saúde e satélites.

Os projectos, com prazo de execução de dois anos, são financiados pelo programa MIT-Portugal e respondem a dois desafios: garantir a construção sustentável de casas, pontes ou túneis com fibras naturais - que reduzam as emissões de carbono - e aproveitar recursos e resíduos marinhos para obter novas fibras com aplicações diversas.

Em declarações à Lusa, o presidente do Fibrenamics, Raul Fangueiro, disse que um dos projectos a desenvolver com MIT visa "o aproveitamento de resíduos marinhos com impacto ambiental", como as redes de pesca, para obter novas fibras com aplicações várias, desde raquetas de ténis, capacetes e bicicletas até satélites.

Raul Fangueiro acrescentou que das algas podem ser extraídos componentes para criar fibras com propriedades antimicrobianas ou anti-inflamatórias com aplicação, por exemplo, em pensos para feridas ou ligaduras.

Um segundo projecto do Fibrenamics e do MIT propõe-se trabalhar a estrutura e a durabilidade das fibras naturais, como as de madeira ou de cânhamo, como "elemento de reforço do betão" na construção civil, em alternativa ao aço, que "tem um impacto ambiental forte", sendo responsável por "7% das emissões globais" de dióxido de carbono, de acordo com o presidente do Fibrenamics.

Os dois projectos são subsidiados em mais de meio milhão de euros pelo programa MIT-Portugal, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, na dependência do Governo.

O programa pretende "desenvolver investigação colaborativa" entre o MIT e universidades, institutos de investigação, laboratórios e empresas nacionais, em áreas como a ciência do clima e as alterações climáticas, a observação da Terra, a transformação digital na manufactura, as cidades sustentáveis e a ciência dos dados.

O Instituto de Inovação em Materiais Fibrosos e Compósitos, que tem a Universidade do Minho entre os seus parceiros, é um centro de tecnologia e inovação que estuda soluções para arquitectura, construção, desporto, medicina, protecção e transportes.

Recentemente, no âmbito da sua internacionalização para os Estados Unidos, o Fibrenamics estabeleceu uma parceria com a Universidade de Massachusetts Lowell que permitirá o intercâmbio de investigadores, a partilha de instalações e o desenvolvimento de projectos, a delinear, com um laboratório que fornece "soluções de protecção" para o Exército norte-americano.

O Fibrenamics também já desenvolveu equipamentos de protecção pessoal para o Exército português.

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