Um grupo de jovens londrinos está a tentar criar o primeiro emoji com afro

Há quatro propostas com tranças, rastas e afros. Vão ser apresentadas à Unicode, que é responsável pela aprovação de emojis.

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São quatro emojis onde aparecem afros, tranças e rastas REUTERS
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Numa tentativa de acabar com os estereótipos de beleza e tornar o mundo digital mais inclusivo, um grupo de jovens estudantes e profissionais de Londres desenhou aquilo que esperam que sejam os primeiros emojis de pessoas negras com diferentes penteados.

O projecto, uma parceria entre a organização Rise.365 e a agência de relações públicas Good Relations, quer combater o "texturismo", uma forma de discriminação onde o cabelo afro é frequentemente percepcionado como “pouco profissional”, “pouco atractivo” ou “sujo”, dizem.

Há quase quatro mil emojis – símbolos que representam emoções humanas ou objectos online – mas nenhum mostra penteados de pessoas negras ou não brancas. A Rise.365 e a Good Relations puseram mãos à obra para mudar isso.

Um grupo de jovens preparou um esboço dos emojis e os designers concretizaram o produto final.

Jayzik Duckoo desenha um esboço REUTERS
As propostas vão ser apresentadas à Unicode REUTERS
Tranças, rastas e afro não figuram em nenhum dos emojis actuais REUTERS
Jayzik Duckoo é uma das envolvidas no projecto REUTERS
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Jayzik Duckoo desenha um esboço REUTERS

“[Os emojis] podem acabar com os standards da sociedade que dizem que tens de ter o cabelo liso para ser visto como desejável”, atira Jayzik Duckoo, uma jovem de 18 anos que trabalhou no projecto. “Espero que as pessoas tenham orgulho no seu cabelo.”

São quatro emojis onde aparecem cabelos afro, tranças e rastas e vão ser enviados em 2025 à Unicode, o grupo sediado na Califórnia, responsável pelos emojis.

Pesquisar por “Afro hair” (cabelo afro, em português) pode ajudar a que os emojis sejam aceites, já que a Unicode tem em conta o quão frequentemente o termo associado ao emoji é usado, aponta a Rise.365.

A Unicode não respondeu ao pedido de comentário feito pela Reuters.

Olivia Mushigo, a criativa por detrás do projecto, disse esperar que os emojis façam as pessoas sentir-se “empoderadas e vistas”.

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As propostas dos jovens londrinos

A jovem de 28 anos refere nunca ter sentido discriminação por causa do cabelo, mas o seu irmão mais novo sim.

“O meu irmão vai poder ter um emoji parecido com ele, que poderá aumentar a sua confiança e mostrar-lhe que o seu cabelo é bonito”, afirma. “Numa nota mais pessoal, finalmente vou ter um emoji que se parece comigo, com o qual me consigo identificar.”

Um inquérito feito pela Rise.365 a 104 pessoas mostrou que 61% dos inquiridos já sofreram discriminação ou bullying por causa do cabelo. Um estudo de 2023 feito pela Crown Research Studies mostrou que 66% das mulheres negras mudam o seu penteado para uma entrevista de emprego.

Vanita Brown, que desenhou os emojis, aponta que uma das razões para estes emojis ainda não estarem disponíveis deve-se aos padrões eurocêntricos de beleza, que são vistos como a norma.

A falta de representação em bancos de imagens também é um problema, salienta Brown. Mushigo aponta a falta de diversidade nas empresas de tecnologia, onde as pessoas negras estão sub-representadas.

“Esperamos que com maior diversidade e inclusividade nas equipas tecnológicas possamos começar a ver mais emojis que realmente representem a diversidade do mundo em que vivemos”, diz.