Conferência Insure.hub: colaboração multidisciplinar e inovação sustentável

A 4ª conferência internacional promove a transferência de conhecimento entre academia e indústria com foco na inovação, sustentabilidade e regeneração.

Foto

A crescente procura por soluções sustentáveis tem impulsionado a colaboração entre diferentes áreas de conhecimento. O Insure.hub – Innovation in Sustainability and Regeneration Hub da Universidade Católica Portuguesa (UCP) é o eixo de ligação entre academia e indústria para promover soluções inovadoras, sustentáveis e regenerativas. Através de uma abordagem multidisciplinar, esta sinergia entre a Católica Porto Business School, a Escola Superior de Biotecnologia e a Planetiers New Generation tem resultado na implementação de projectos de referência, como o Bioshoes4all. Nos dias 29 e 30 de Outubro, a 4.ª edição da conferência Insure.hub irá reunir especialistas de diversas áreas para apresentar, debater e desenvolver soluções inovadoras para que os negócios se tornem mais sustentáveis.

Abordagem integrada e colaborativa

O desenvolvimento de um produto sustentável não se pode limitar à sua viabilidade técnica - questões como o comportamento dos consumidores e regulamentações sectoriais e ambientais devem ser considerados, o que exige um diálogo constante entre diferentes especialistas. “A abordagem multidisciplinar é fundamental", assegura João Pinto, director da Católica Porto Business School e co-líder do Insure.hub. “Porque quando estamos a falar de problemas no âmbito da sustentabilidade”, explica, “são problemas que, normalmente, não são possíveis de resolver com o olhar de uma só disciplina”. Um dos principais objectivos da conferência e do próprio hub é fortalecer a ponte entre a investigação académica e a aplicação prática na indústria.

Não raras vezes, trabalhos inovadores desenvolvidos em universidades não chegam ao mercado devido à falta de comunicação entre os sectores, bem como à ausência de apoio de áreas fundamentais que, para além da inovação, devem ser criticamente tidas em conta, como a sustentabilidade e a viabilidade económica. Manuela Pintado lidera o Insure.hub a par do professor João Pinto e de António Vasconcelos, da Planetiers New Generation. A directora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da UCP reforça a necessidade de uma abordagem abrangente para levar um produto inovador ao mercado. É em conjunto com a Business School que discutem [investigadores] "como tornar determinado produto, do ponto de vista do modelo de negócio, viável para ir para o mercado” e apoiam a empresa. Actualmente, a realidade da indústria “exige essa transformação”, enfatiza: para garantir o sucesso de um produto, é necessário trabalhar em "vários pilares, performance que assegure a aceitação do consumidor e, sobretudo, um modelo económico sustentável”. Além disso, a sustentabilidade é um factor crucial e o desafio passa por antecipar as mudanças que surgem com a implementação desses novos produtos e modelos de negócio. É neste contexto que o papel do Insure.hub se destaca, ao alinhar inovação, aceitação do mercado e sustentabilidade para que as empresas associadas sejam mais competitivas.

Foto
"Ao atrair investigadores de várias áreas, a conferência promove uma troca de conhecimentos ampla, permitindo feedback de pessoas de áreas diferentes" João Pinto, director da Católica Porto Business School e co-líder do Insure.hub

O que esperar da Conferência?

Temas de vanguarda como a aplicação de ciência de dados, inteligência artificial e tecnologias emergentes como a fermentação de precisão são exemplos de inovações que podem acelerar a transição para uma economia mais sustentável e que estão na base de muitos dos projectos apresentados no Insure.hub. Para garantir a relevância dos trabalhos apresentados na conferência, a selecção é rigorosa, com base na qualidade científica e no potencial de impacto. Todo o programa é planeado de acordo com a missão do Insure.hub, desde as sessões de apresentação dos projectos a concurso (Best Paper Award) aos casos práticos de empresas e aos oradores principais. O compromisso da plataforma e do evento reflectem não só a promoção da sustentabilidade através da inovação tecnológica e da transformação corporativa, mas também a importância da transferência de conhecimento.

Nesta 4ª edição da conferência, João Pinto identifica quatro temas relevantes no que considera a evolução do evento. Sobre o programa, a "necessidade de assumir a interdisciplinaridade" tanto na investigação científica como nos casos mais práticos, torna-o um reflexo claro do trabalho de acompanhamento que o hub desenvolve. Ao atrair investigadores de várias áreas, a conferência promove uma troca de conhecimentos ampla, permitindo "feedback de pessoas de áreas diferentes", realça, o que enriquece a investigação e acelera a inovação. A introdução de "temas de fronteira", de vanguarda, é demonstrada através de parcerias estratégicas com presença no programa e de colaborações internacionais. Nesse sentido, trazer "oradores internacionais de referência", especialistas em diversas áreas, com perspectivas diferentes e disruptivas, proporciona uma visão global sobre os desafios. Por fim, apresentar "casos ao nível das empresas”, como a Altri ou o Super Bock Group, que estão num "processo de transição significativo”, são mais-valias para quem assiste à conferência.

Sustentabilidade financeira

Destacar um dos oradores principais "é difícil”, admite Manuela Pintado, até porque “eles se complementam”, explica a co-líder do Insure.hub. Comum às intervenções de todos eles, especialmente dos convidados internacionais Michael Sheldrick, Varun Nagaraj e Wayne Visser, o papel central das tecnologias no caminho para a sustentabilidade. "As tecnologias são o foco da transformação" e não é possível, acredita, “dar este salto para a sustentabilidade se não conseguimos integrar tecnologias avançadas”. No entanto, essas inovações precisam de “assegurar um modelo de sustentabilidade económica", uma das questões-centrais que, certamente, será reforçada durante a conferência. Soluções disruptivas, como a "fermentação de precisão" e "energias alternativas", precisam de ser economicamente viáveis.

O ponto crítico para a implementação de soluções sustentáveis é "o investimento e o salto em escala”. Manuela Pintado considera que essa viabilização, depende de "investimento privado mas também público". Apesar de inovações promissoras e "soluções já muito próximas do mercado", o "ponto crítico" é, frequentemente, a questão financeira. Outro desafio que destaca é o custo dos produtos, que muitas vezes vão para o mercado com um valor elevado, o que dificulta que os consumidores optem por essas soluções. Portanto, conclui, “a tecnologia, juntamente com toda a envolvente económica” - e com o financiamento - são factores que determinam o sucesso da sustentabilidade.

Foto
"As tecnologias são o foco da transformação e não é possível dar este salto para a sustentabilidade se não conseguimos integrar tecnologias avançadas” Manuela Pintado, directora do Centro de Biotecnologia e Química Fina da UCP e co-líder do Insure.hub

Oportunidade para a viabilização de novos projectos

Nas sessões de apresentação de projectos - este ano com uma exclusivamente online, para facilitar a participação de investigadores estrangeiros -, nota-se, desde a 1ª edição da conferência, uma evolução positiva, com muitos dos trabalhos a combinarem diferentes áreas, reflectindo um pouco do que é a cultura do Insure.hub. Para os organizadores, o aspecto essencial é que cada projecto se foque numa solução inovadora cuja análise sobre a sua implementação tenha a sustentabilidade como critério central. A conferência visa oferecer "uma oportunidade para o futuro", explica Manuela Pintado, tanto para as empresas quanto para a sociedade.

A conferência conta com um programa equilibrado, abrangendo temas variados, da descarbonização à biotecnologia, dos modelos de negócio sustentáveis às limitações do seu financiamento, da psicologia às artes, passando pelo direito. Cada apresentação será avaliada por um júri multidisciplinar que irá seleccionar os finalistas com base na "performance científica, impacto na sociedade e economia", além da "postura de apresentação", com destaque para a importância de "comunicar a ciência da sustentabilidade de forma simples e atractiva”, esclareceu Manuela Pintado.