P&R: como funciona a nova greve na CP? Em que regiões e dias se fará sentir?
Paralisação convocada por um sindicato independente que representa revisores, pessoal de bilheteira e chefias directas prolonga-se de 24 de Outubro a 3 de Novembro. Resumimos o essencial.
Quem convocou esta greve?
A paralisação foi convocada por um sindicato independente, o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), que representa (segundo diz um dos seus responsáveis) 98% dos revisores, cerca de 65% do pessoal de bilheteira e cerca de 60% das chefias directas desta transportadora.
Qual a razão deste protesto?
O SFRCI reivindica o cumprimento de um acordo selado em 2023, e validado na altura pelo Governo, em que está em causa a integração no salário-base daqueles trabalhadores de uma parcela denominada subsídio de transporte e disponibilidade, actualmente pago à parte.
Este subsídio tem o valor diário bruto de 4,91 euros, ou cerca de 108 euros mensais. A sua integração no salário-base traria vantagens aos trabalhadores abrangidos, porque influencia a remuneração anual (passaria a ser pago a 14 meses por ano), reflectindo-se positivamente no futuro, em termos da reforma.
O acordo feito no Verão de 2023 pretendia, segundo Luís Bravo, do SFRCI, corrigir e restabelecer "a equidade salarial", que, no entender deste sindicato, tinha sido afectada quando, no ano passado, os maquinistas conseguiram um acordo em que, diz o SFRCI, a melhoria prometida aos maquinistas foi paga com dinheiro do orçamento da CP que se destinava a aumentos gerais.
O SFRCI chegaria a um acordo próprio em que já aceitava que a melhoria remuneratória dos que representa seria feita só a partir de 2024, logo que o Orçamento do Estado entrasse em vigor.
Mas de acordo com o mesmo sindicalista, a administração da CP nunca honrou esse compromisso.
Que tipo de greve está em curso?
Há uma greve parcial de vários dias, uma greve total de um dia, e uma greve às horas extraordinárias por alguns dias também.
Quanto tempo vai durar esta paralisação?
A greve começou às 00h desta quinta-feira e prolongar-se-á até 3 de Novembro, caso não haja entretanto um acordo entre CP e sindicato que leve os trabalhadores a interromper o protesto. Diferentes regiões do país sentirão o impacto deste protesto em diferentes períodos e dias de Outubro e Novembro.
Como funciona a greve e quem é afectado?
A greve parcial começou nesta quinta-feira e concretiza-se da seguinte forma: cada trabalhador deste sindicato paralisa nas suas primeiras duas horas do respectivo turno.
Nos dias 24 e 25 de Outubro, isto aplica-se aos que prestam serviço nas linhas do Sado, de Sintra e Azambuja.
Do dia 25 a 28 de Outubro, a greve parcial pode abranger os trabalhadores que prestam serviço na ligação do Intercidades entre Lisboa e Algarve.
A partir do dia 28 de Outubro e até ao dia 30, a greve parcial "muda-se" para o transporte ferroviário na zona norte do país, podendo afectar os serviços urbanos do Porto, regionais e inter-regionais.
Portanto, é uma paralisação faseada, já que os trabalhadores abrangidos não entram todos no mesmo horário e o protesto vai mudando de zona.
Porém, tratando-se de revisores, os passageiros poderão ficar com a sensação de que se trata de uma greve total. Isto porque os revisores são indispensáveis a bordo. Não pode haver circulação sem eles. Se um revisor em greve nas primeiras duas horas do seu turno estiver escalado para alguma ligação, essa ligação terá de ser cancelada. E assim sucessivamente, ao longo dos diferentes períodos do dia.
Nas primeiras horas deste protesto, segundo noticiou a Lusa, foram canceladas 58 ligações nas linhas do Sado, Sintra e Azambuja.
No entanto, no dia 31 de Outubro, véspera de feriado, a greve é por 24 horas e torna-se nacional. Contudo, para esse dia, foram decretados serviços mínimos.
Na zona norte, com especial ênfase para as linhas do Douro e do Minho, há ainda greve ao trabalho suplementar ao fim-de-semana, entre os dias 27 de Outubro e 3 de Novembro.
Que alternativas existem?
Não haverá alternativas ferroviárias quando for necessário suprimir ligações. O melhor cenário, para quem não quer ou não pode abdicar do comboio, passa por encontrar horários em que não haja necessidade de supressão. Nos restantes casos, será preciso recorrer a transporte privado, particular ou não, ou transporte público (via autocarros), que não há em todas as zonas em que esta greve se vai fazer sentir.
Em termos do funcionamento de bilheteira, a melhor solução será a compra online através do site da CP, onde está afixado um aviso explicativo dos impactos e das perturbações previstas para todo o período e que pode ser consultado aqui.