PSP terá “tolerância zero” com “actos de desordem” de “grupos criminosos”

Para além dos três detidos, a PSP informou na tarde desta quarta-feira, numa conferência de imprensa, que há dezenas de pessoas identificadas que “poderão vir a ser” detidas.

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Polícia da EPRI (Equipas de Prevenção e Reacção Imediata) na segunda noite de desacatos após a morte de Odair Moniz Nuno Ferreira Santos
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A PSP diz ter “tolerância zero” para com “qualquer acto de desordem praticado por grupos criminosos”, referindo-se aos desacatos dos últimos dias, que sucederam à morte de Odair Moniz. Para além dos três detidos, a PSP informou na tarde desta quarta-feira, numa conferência de imprensa, que há dezenas de pessoas identificadas que “poderão vir a ser” detidas.

O director-geral adjunto da PSP, Pedro Gouveia começou por endereçar à “família e amigos do cidadão falecido” (Odair Moniz) uma “nota de pesar e condolências”, mas, sobre as circunstâncias da morte, a PSP escusou-se de fazer qualquer comentário para não criar “ruído”. “Preferimos aguardar serenamente o resultado” da investigação, afirmou.

“Fazemos um apelo importante e sistemático (...) à calma e tranquilidade públicas”, disse o director-geral adjunto da PSP, sublinhando que as manifestações dos últimos dias são “ilegais”. E lembrou que não são só as manifestações que são “condenáveis”, mas também o “incitamento à violência e o incitamento nas redes sociais a acções violentas são crimes” cujos autores podem ser “responsabilizados criminalmente”. Quando questionado pelos jornalistas sobre a que tipo de incitamento se referia, Pedro Gouveia referiu mensagens como “morte aos polícias” e vídeos de actos criminosos partilhados pelos próprios autores dos crimes.

Neste momento há um grupo de trabalho que une “forças e serviços de segurança, serviços de informações” que estão a trabalhar “em uníssono”, de forma a “garantir a segurança e tranquilidade públicas das pessoas de bem”.

Luís Elias, comandante da PSP de Lisboa, fez o ponto de situação: nos últimos dois dias foram registadas 60 ocorrências. Dois cidadãos, passageiros de um autocarro, foram “vítimas de ofensa à integridade física, através de arma branca”, dois polícias ficaram feridos, duas viaturas policiais danificadas, “uma das quais com disparos de arma de fogo, dois autocarros da Carris foram “roubados e incendiados”, um motociclo foi incendiado, inúmeros caixotes do lixo foram incendiados e há “imobiliário urbano danificado”.

A primeira pergunta dirigida pelos jornalistas à PSP debruçou-se sobre o facto de a família de Odair Moniz afirmar que as autoridades arrombaram a porta de sua casa na noite passada. Há várias imagens que mostram a porta arrombada. Num vídeo que a advogada da família diz corresponder à segunda abordagem da PSP vêem-se vários agentes de capacete branco dentro do prédio. Nesta altura, a advogada já estava no local e afirma que os agentes terão dito que estavam no local para pedir “um luto civilizado” sem pessoas na via pública.

Mesmo com a existência do vídeo, a PSP nega que algum agente tenha tentado entrar em casa da família de Odair Moniz. Garante que as autoridades foram chamadas porque uma criança num prédio ali ao lado precisava de apoio médico e lá se dirigiram. Ao sair, os agentes terão verificado “um conjunto de pessoas que estavam aglomeradas à entrada” do prédio onde Odair Moniz vivia. “A polícia interveio no sentido de que as pessoas entrassem para dentro da habitação, não se mantivessem no exterior (...) tendo em conta a desordem generalizada que havia no local”. “Entraram para dentro do átrio desse prédio”, mas nunca “dentro de nenhuma residência”, afirmou Pedro Gouveia.

De momento “a Polícia Judiciária está a desenvolver a sua acção de investigação” tanto relativamente às circunstâncias da morte de Odair Moniz, como também aos autocarros incendiados. A PSP “está em perfeita integração com aquilo que são as necessidades da PJ”, “a fornecer toda a informação possível” por querer “celeridade na investigação”.

O comandante da PSP de Lisboa diz que a PSP está em contacto permanente com as entidades governamentais e locais — reuniu esta quarta-feira com o presidente da Câmara da Amadora. E diz que tem “tentado chegar” aos líderes locais, desde autarcas a presidentes de associações e pessoas reconhecidas localmente, para que tentem “apelar à paz pública para garantir que as pessoas compreendam que não é através da violência que podem vingar hipotéticas frustrações relativamente à autoridade do Estado”.

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