Dois polícias e dois civis feridos nos distúrbios desta noite na região de Lisboa

“A segurança e a ordem pública são valores democráticos cuja preservação importa garantir, em particular através do papel das forças de segurança”, nota Presidência da República.

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Na segunda noite de desacatos no Bairro do Zambujal foi incendiado um autocarro da Carris Metropolitana Nuno Ferreira Santos (arquivo)
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Quatro pessoas ficaram feridas, incluindo dois polícias, na sequência dos distúrbios registados durante a última noite na região de Lisboa, anunciou esta quarta-feira a PSP, que registou ainda 60 ocorrências em oito concelhos.

Ainda durante a manhã, através de uma nota do site da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que está a acompanhar toda a situação dos últimos dois dias. "A segurança e a ordem pública são valores democráticos cuja preservação importa garantir, em particular através do papel das forças de segurança", afirmou, referindo que "essa garantia tem de respeitar os princípios do Estado de Direito Democrático, designadamente os Direitos, Liberdades e Garantias dos cidadãos, bem como fazer cumprir os respectivos Deveres".

Em comunicado, a PSP confirmou três detenções pela alegada prática dos crimes de dano qualificado e ofensa à integridade física qualificada, nos incidentes que afectaram os bairros do Zambujal (Alfragide, Amadora), Portela (Carnaxide, Oeiras), Casal de Cambra (Sintra), Cova da Moura (Amadora), além de outros desacatos nos concelhos de Lisboa, Odivelas, Loures, Cascais e Seixal.

Revelou também que dois polícias ficaram feridos e outros dois cidadãos foram "vítimas de esfaqueamento, ainda que sem gravidade, alegadamente pelos indivíduos que roubaram e incendiaram" um autocarro no bairro do Zambujal. Registaram-se ainda danos em dois carros da polícia, dois autocarros da Carris, que foram roubados e incendiados, oito automóveis e uma mota igualmente incendiados e a destruição de inúmeros caixotes do lixo.

"A PSP repudia e não tolerará os actos de desordem e de destruição praticados por grupos criminosos, apostados em afrontar a autoridade do Estado e em perturbar a segurança da comunidade, grupos esses que integram uma minoria e que não representam a restante população portuguesa que apenas deseja e quer viver em paz e tranquilidade", lê-se na nota.

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Também o Presidente da República, através de uma nota, deu conta que "tem vindo a acompanhar, atentamente, em contacto com o Governo e os Presidentes das Câmaras Municipais da Amadora e de Oeiras, os acontecimentos das últimas 48 horas". "A nossa sociedade, apesar dos problemas sociais, económicos, culturais e as desigualdades que ainda a atravessam, é uma sociedade genericamente pacífica, e assim quer continuar a ser, sem instabilidade e, muito menos, violência", lê-se na nota divulgada esta quarta-feira.

À entrada da Cimeira Luso-Espanhola, que se realiza em Faro, a ministra da Administração Interna afirmou que as forças de segurança estão a trabalhar “para acabar com os distúrbios inadmissíveis, que não permitem às populações deslocarem-se e fazer a sua vida laboral normal e acompanhar crianças à escola”.

“Esta noite [terça-feira] fizemos uma reunião de urgência do SSI [Sistema de Segurança Interna]”, disse Margarida Blasco. A ministra não revelou que acções operacionais poderão acontecer. “As forças de segurança tudo farão para manter a ordem e deter todos os que estão a cometer actos de vandalismo”, voltou a dizer.

Os desacatos têm sucedido desde segunda-feira após a morte de um homem baleado pela PSP. Odair Moniz, de 43 anos, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de segunda-feira, no Bairro da Cova da Moura, na Amadora, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.

Segundo a direcção nacional da PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial na Avenida da República, na Amadora, e "entrou em despiste" na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".