Equipa de Trump acusa Partido Trabalhista britânico de “interferência” eleitoral

Campanha republicana apresenta queixa à comissão eleitoral após publicação no LinkedIn que dizia que 100 voluntários do Labour iam para os EUA ajudar Harris. Starmer rejeita acusações.

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Keir Starmer, primeiro-ministro britânico e líder do Partido Trabalhista, recusa denúncias da campanha de Trump Maja Smiejkowska / REUTERS
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A equipa de campanha do ex-Presidente dos Estados Unidos e candidato do Partido Republicano à Casa Branca, Donald Trump, apresentou na terça-feira à noite uma queixa formal à Comissão Eleitoral Federal do país, acusando o Partido Trabalhista do Reino Unido de “interferência” eleitoral “flagrante” nas eleições norte-americanas.

Em causa está a publicação de uma mensagem – entretanto apagada – da chefe de operações do Labour, Sofia Patel, na rede social LinkedIn, na semana passada, que dava conta de que “perto de 100” actuais e antigos funcionários do partido de centro-esquerda britânico iam viajar para os EUA para ajudar na campanha da vice-presidente e candidata do Partido Democrata, Kamala Harris.

Em resposta à equipa do ex-Presidente, Keir Starmer, primeiro-ministro britânico e líder do Partido Trabalhista, garantiu que os membros do partido referidos por Patel vão fazer campanha por Harris em regime de voluntariado, como é costume neste tipo de eventos, não sendo ilegal.

Numa carta enviada à comissão eleitoral dos EUA, assinada por Gary Lawkowski, vice-conselheiro-geral da equipa de Trump, é exigida, ainda assim, a abertura de uma “investigação imediata por interferência estrangeira flagrante na eleição presidencial de 2024 sob a forma de contribuições aparentemente ilegais estrangeiras feitas pelo Partido Trabalhista do Reino Unido e aceites pela ‘Harris para Presidente’, a principal comissão de campanha da vice-presidente Kamala Harris”.

Citando jurisprudência e legislação norte-americana que proíbem “contribuições ou donativos de dinheiro ou de outra coisa de valor”, feitos de “forma directa ou indirecta” por “cidadãos estrangeiros” e referindo artigos do Washington Post e do Telegraph que dão conta de ligações, contactos e reuniões entre assessores e conselheiros trabalhistas e a campanha de Harris, a equipa de Trump exige a intervenção célere da comissão eleitoral; e até recorre à História para lançar um alerta ao antigo poder colonizador.

“Quando representantes do Governo britânico tentaram, em ocasiões anteriores, andar de porta em porta pela América, isso não acabou bem para eles. A semana passada marcou o 243.º aniversário da rendição das forças britânicas na Batalha de Yorktown, uma vitória militar que garantiu que os EUA seriam politicamente independentes do Reino Unido”, lê-se na carta, onde nome do Estado britânico até aparece escrito de forma incorrecta (“Britian”, em vez de “Britain”, no original).

Garantindo que tem uma “boa relação” com Donald Trump, com quem se encontrou em Nova Iorque, em Setembro, aquando da sua participação na Assembleia Geral das Nações Unidas, Keir Starmer recusou as acusações da equipa de campanha do candidato republicano na eleição de 5 de Novembro.

Em declarações aos jornalistas na viagem até à Samoa, onde vai marcar presença na cimeira de chefes de Governo da Commonwealth, o primeiro-ministro britânico assegura que os funcionários do Labour envolvidos na campanha de Harris “estão a fazê-lo no seu tempo livre” e “como voluntários”.

“Foi o que fizeram em eleições anteriores, é o que estão a fazer nesta eleição: é tão simples como isso”, explicou, citado pelo Guardian.

Não obstante, as notícias das acusações republicanas contra o Partido Trabalhista e contra Kamala Harris foram reproduzidas nas redes sociais pelo empresário Elon Musk, apoiante de Trump e dono do X (antigo Twitter), e por vários dirigentes do movimento de direita radical norte-americano MAGA (Make America Great Again), como a congressista Marjorie Taylor Greene.

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