Novos casos de mpox detectados na Alemanha e na Noruega

Apesar dos casos agora identificados, o risco mantém-se baixo no continente europeu. Na Alemanha, uma pessoa foi infectada com a nova variante Ib, em circulação em vários países africanos.

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O segundo caso da nova variante Ib foi detectado agora na Alemanha NIAID
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Há mais dois países europeus, a Alemanha e a Noruega, com casos identificados de mpox, depois da infecção detectada na Suécia em Agosto. Na Alemanha, as autoridades de saúde locais identificaram um caso da nova variante de mpox, a Ib, que está em circulação em vários países africanos desde Setembro de 2023 e na base da emergência de saúde pública decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) – a mesma variante também detectada na Suécia.

Já na Noruega, foram identificadas duas pessoas com mpox, mas da variante IIb, uma forma menos agressiva do vírus que, apesar disso, se disseminou a nível global em 2022 – por exemplo, Portugal teve mais de mil casos nos últimos dois anos.

O aparecimento de novos casos não é surpreendente, dado o desenvolvimento do surto de mpox da variante Ib em África. Desde o início do ano, segundo os dados dos Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças em África, houve mais 42 mil casos suspeitos de mpox, com 1100 mortes registadas até à semana passada. A maioria dos casos foi identificada na República Democrática do Congo, embora países vizinhos como Burundi ou Uganda também tenham surtos activos de infecções.

A nova subvariante Ib, sobre a qual ainda se sabe muito pouco, é um dos motivos de preocupação para o continente europeu, embora o Centro Europeu de Controlo e Prevenção de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) reitere que o risco de infecção nos países europeus é “baixo”. O actual surto teve origem na República Democrática do Congo, onde a subvariante Ib foi detectada. O aparecimento desta nova forma do vírus levou a OMS a declarar uma emergência de saúde pública internacional em Agosto deste ano – é a segunda vez em dois anos que tal acontece para a mpox.

O caso detectado na Alemanha na última sexta-feira resulta de uma infecção fora do país, num paciente de 33 anos que estava em tratamento hospitalar desde dia 12 de Outubro, segundo referiu o Instituto Robert Koch (Alemanha) em comunicado publicado esta terça-feira.

Apesar de no último ano terem continuado a surgir casos esporádicos de mpox nos países europeus (da variante IIb), a presença das variantes Ia ou Ib, que apresentam uma mortalidade maior, é escassa. Para já, limita-se a um caso pontual na Suécia e outro na Alemanha – infecções adquiridas fora da Europa.

A imunidade dada pela vacina e por infecções anteriores com mpox, o acesso a melhores cuidados de saúde e a vigilância da circulação dos vírus, mas também a ausência de contactos próximos com animais selvagens portadores do vírus (como roedores e primatas não-humanos nas florestas da África Central e Ocidental) explicam o risco reduzido dos países europeus. Mesmo o fluxo de casos importados poderá ser melhor gerido na Europa, devido aos cuidados de saúde existentes – com melhor formação e mais recursos do nos países africanos afectados.

O aparecimento da variante Ib ainda tem poucas explicações plausíveis. Enquanto a Ia é bem conhecida dos investigadores (com 5% a 10% de taxa de mortalidade dos infectados), sendo tipicamente transmitida por contacto próximo entre humanos e pelo contacto com animais selvagens ou ingestão de carne de caça de animais infectados, na Ib ainda não sabemos quais são os principais modos de transmissão – nas regiões onde apareceu inicialmente não há consumo expressivo de carne de caça.

O regresso da mpox à ribalta é vista como um “falhanço global”, como definiu a cientista Chloe Orkin ao PÚBLICO em Agosto deste ano: “Este é um falhanço global em garantir acesso equitativo a vacinas. A República Democrática do Congo não tem acesso a vacinas e tem 96% dos casos [de mpox em todo o mundo.”

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