Com as cinzas dos incêndios pintou-se um mural gigante em São Paulo

Com a lama das inundações e as cinzas dos incêndios no Brasil fizeram-se tintas para pintar um mural no centro de São Paulo, no Brasil. O objectivo do artista Mundano é alertar para a desflorestação.

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O mural intitulado "Parem a destruição", em São Paulo, Brasil Amanda Perobelli / REUTERS
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O mural intitulado "Parem a destruição", em São Paulo, Brasil Amanda Perobelli / REUTERS
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As tintas e cinzas utilizadas no mural Amanda Perobelli / REUTERS
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As tintas utilizadas no mural Amanda Perobelli / REUTERS
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O mural intitulado "Parem a destruição", em São Paulo, Brasil Amanda Perobelli / REUTERS
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O mural intitulado "Parem a destruição", em São Paulo, Brasil Amanda Perobelli / REUTERS
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Um mural gigante que apela ao fim da desflorestação: é este o mais recente trabalho do artista de rua brasileiro Mundano, que utilizou tintas diferentes do habitual — as tintas foram misturadas com cinzas de incêndios florestais e lama das inundações no Brasil. O mural foi inaugurado nesta quarta-feira, na lateral de um prédio de 11 andares no centro da maior cidade da América Latina, acrescentando uma mensagem colorida e incisiva à rica colecção de graffitti de São Paulo.

A obra, com 48 por 30 metros, retrata os troncos de árvores de uma floresta queimada e o rosto de uma mulher indígena, com a mão levantada num sinal de impedimento, a segurar um cartaz em inglês que diz: “Parem a destruição, cumpram a vossa promessa”. O mural foi pintado com tintas coloridas, misturadas com as cinzas dos incêndios florestais no Brasil, incluindo da Amazónia, onde grandes extensões de floresta tropical foram destruídas por incêndios recentes enquanto a região enfrenta a pior seca de que há registo.

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A mulher retratada no mural é a líder indígena Alessandra Korap Munduruku, que liderou uma campanha bem-sucedida para impedir que empresas multinacionais de mineração explorassem as terras ancestrais da sua tribo na Amazónia, pela qual ganhou o Prémio Ambiental Goldman em 2023.

O artista Mundano disse que o seu mural pretende ser um protesto contra as empresas que empurraram as fronteiras agrícolas para dentro da floresta amazónica com plantações de soja em grande escala e criação de gado para carne, o que fez do Brasil um dos maiores exportadores alimentares do mundo.

A pintura em grande escala feita na cidade de São Paulo tem como principal alvo a empresa norte-americana Cargill Inc, refere o artista. Mundano disse que queria que a família Cargill, proprietária da empresa, mantivesse a sua palavra de que iria eliminar a desflorestação da sua cadeia de abastecimento. A empresa não respondeu ao pedido de comentário da Reuters, mas a empresa tem-se comprometido a eliminar a desflorestação da sua cadeia de abastecimento das principais culturas no Brasil até 2025 e da sua cadeia de abastecimento de soja na América do Sul até 2030.

Além de cinzas e lama, Mundano usou argila de reservas indígenas que têm lutado para ter seus direitos à terra reconhecidos, muitas vezes em conflitos com fazendeiros. E inclui também tinta feita com urucum, uma fruta tropical utilizada como tinta corporal por algumas tribos da Amazónia. “Este é talvez o maior mural já feito com pigmentos naturais”, disse Mundano, enquanto misturava as tintas para a obra. “Os nomes que estamos a escrever aqui são de bilionários que ainda vivem num modelo baseado na destruição de ecossistemas e contribuem para a emergência climática’, disse. O mural foi feito em colaboração com a organização sem fins lucrativos Stand.earth, que fundou o projecto.