Rui Moreira: “Depois não se admirem que haja reacções da população contra o turismo”

Município do Porto limitou circulação de autocarros turísticos e operadores do sector ameaçam entupir as artérias de acesso à Baixa como forma de protesto. Há uma reunião agendada para dia 28.

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Autarca diz que medida foi “discutida com a cidade” e que “a esmagadora maioria das pessoas compreende bem”. Rui Oliveira
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Na Baixa do Porto, a circulação de veículos turísticos está limitada desde o início de Outubro e os operadores do sector já ameaçaram “bloquear a cidade” como forma de protesto. A Câmara Municipal do Porto (CMP) não está disponível para mudar as regras, embora esteja já marcada uma nova reunião com a ARP – Associação Rodoviária de Transportadores Pesados de Passageiros, para dia 28 de Outubro.

Ao PÚBLICO, o autarca Rui Moreira explica que é possível fazer ajustes aos prazos para pedido de autorização à autarquia (que os serviços ocasionais terão de fazer para entrar na zona restrita), mas não haverá grandes alterações numa medida que foi “discutida com a cidade” e que “a esmagadora maioria das pessoas compreende bem”. As restrições afectam tanto autocarros de serviços ocasionais como veículos mais leves, como tuk-tuks.

Sobre a ameaça de bloqueio da cidade – que a ARP sublinha não estar a organizar, mas cuja preparação diz ter conhecimento – Rui Moreira diz que não será isso que fará mudar a política do município. “Depois não se admirem que haja reacções da população como sucedeu em Barcelona, em Sevilha e noutras cidades europeias contra o turismo”, afirma.

“Temos muito respeito pelo turismo, mas nós gerimos o interesse da cidade. Acreditamos que, se não for sustentável na sua pegada, vai haver um problema e a população não vai tolerar”, acrescenta.

Na última década, o município tem promovido a actividade turística na cidade, ao ponto de gerar críticas sobre o impacto que o alojamento para quem visita a cidade tem no sector da habitação ou sobre a pressão no espaço público.

Nova reunião, mesmo regulamento

A “falta de diálogo” é uma das questões apontadas pela ARP, que diz que desde Julho apenas foi ouvida uma vez pelo município. Embora a autarquia tenha referido que ainda não havia novo encontro marcado, o autarca explica que, entre as respostas dadas ao PÚBLICO e a publicação do artigo nesta terça-feira, foi agendada uma reunião com representantes do sector, para o dia 28 de Outubro. A informação é confirmada pela ARP.

Rui Moreira rejeita ter havido falta de diálogo até aqui. “Além de ter havido variadíssimas reuniões, houve uma discussão pública sobre este assunto”, sublinha. Refere “que há actividades que acham que não devem ser reguladas” e que não foi possível “encontrar um ponto de confluência”.

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As medidas para reduzir veículos turísticos foram apresentadas pela autarquia como uma forma de regular o espaço público no centro da cidade, uma mancha que será servida por uma nova linha de metro, no Verão de 2025. Com a abertura da Linha Rosa, prevê-se a redução da circulação de carros.

A CMP quer evitar que esse espaço público venha a ser preenchido por veículos turísticos. “Os turistas devem circular no transporte público, como nós fazemos quando visitamos outras cidades”, diz Rui Moreira.

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