Tribunal russo condenou produtor nomeado para Óscar por Leviathan a oito anos de prisão
Julgamento de Alexander Rodnyansky, forte crítico de Vladimir Putin e da invasão da Ucrânia pela Rússia, decorreu à revelia. O produtor deixou já a Rússia há mais de dois anos.
O produtor ucraniano Alexander Rodnyansky, nomeado para o Óscar pelo filme Leviathan, de Andrei Zvyagintsev, foi condenado a oito anos e meio de prisão por divulgação de "informações falsas" sobre o exército russo, decidiu um tribunal de Moscovo. Rodnyansky, que passou grande parte da sua vida profissional na Rússia, foi julgado à revelia, visto que saiu do país em 2022.
Rodnyansky é produtor de séries televisivas e filmes, mas o seu trabalho de maior relevo é indubitavelmente Leviathan, nomeado para Óscar de Melhor Filme Internacional em 2014 e candidato à Palma de Ouro no Festival de Cannes no mesmo ano. Com Zvyagintsev filmara ainda Elena (2011) e Loveless (2017), entre outros filmes com diferentes cineastas. O seu perfil público, porém, tem sido dominado pelas suas críticas, nomeadamente nas redes sociais, à invasão russa da Ucrânia e desde então soube estar sob vigilância do Kremlin. Acabou por sair do país.
O produtor nascido em Kiev associa o caso aos seus posts nas redes sociais contra a guerra e já contestou o veredicto publicamente. "Nenhum tribunal de Basmanny [aquele que emitiu a sentença] me pode impedir de falar e de fazer o que tenho feito toda a minha vida — filmes", disse na rede social Telegram.
Segundo o diário britânico The Guardian, o Ministério da Justiça russo declarou-o "agente estrangeiro" no final de 2022 e já fora pedida a sua prisão, também à revelia, em 2023. Agora, foi considerado culpado de "divulgar conscientemente informações falsas sobre a utilização das forças armadas russas", segundo indica uma nota dos serviços judiciais russos.