Alemanha quer que Israel “clarifique todos os incidentes” com força da ONU no Líbano

Missão das Nações Unidas denuncia mais um ataque que “põe em perigo” os capacetes azuis e acusa Israel de violar o direito internacional e a resolução 1701 do Conselho de Segurança.

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Membros da UNIFIL numa torre de vigilância em Marwahin, junto à fronteira do Líbano com Israel Thaier Al-Sudani / REUTERS
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O Governo alemão espera que “Israel “esclareça todos os incidentes” que têm envolvido a missão de manutenção de paz das Nações Unidas no Líbano. A Alemanha é um dos países da União Europeia com tropas actualmente na UNIFIL, assim como Itália, Espanha, França, Irlanda, Áustria, Polónia, Grécia, Hungria, Letónia e Finlândia.

As declarações da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Kathrin Deschauer, nesta segunda-feira, surgiram depois de a UNIFIL denunciar que uma “escavadora das Forças de Defesa de Israel [IDF] demoliu deliberadamente uma torre de observação e uma vedação do perímetro de uma posição da ONU em Marwahin”, no Sul do país, junto à fronteira com Israel.

Berlim quer ainda que o Governo de Israel divulgue “os resultados das investigações sobre este incidente específico”, manifestando “grande preocupação” com o último de uma série de ataques israelitas contra os capacetes azuis.

Num comunicado, a missão das Nações Unidas, com 10 mil militares, sublinhou que “entrar numa posição da ONU e provocar danos a bens da ONU é uma violação flagrante do direito internacional e da Resolução 1701 do Conselho de Segurança” – que mandata a força –, ao mesmo tempo que “põe em perigo a segurança das nossas forças de manutenção de paz, numa violação do direito internacional humanitário”.

Recordando que Israel “pediu reiteradamente à UNIFIL que abandonasse as suas posições ao longo da Linha Azul” (demarcada pela ONU em 2000, depois da retirada de Israel do Sul do Líbano) e que “danificou deliberadamente posições da ONU", os capacetes azuis insistem que, “apesar da grande pressão exercida sobre a missão e sobre todos os países que contribuem com efectivos militares, as forças de manutenção de paz vão manter-se nas suas posições".

Em Setembro, Israel alargou a guerra com o Hezbollah, restrita às zonas em redor da fronteira, a todo o Líbano, anunciando a sua intenção de esmagar o Hezbollah, a poderosa milícia xiita que é também um partido político. Nas últimas semanas, a UNIFIL acusou Israel de vários ataques contra os seus membros, incluindo a duas bases do contingente italiano.

Pelo menos cinco capacetes azuis ficaram feridos nos primeiros ataques e 15 pessoas que se encontravam no interior de uma base em Ramyah, no Sul do Líbano, tiveram de receber cuidados médicos depois de disparos das IDF terem provocado fumo; antes, as forças israelitas tinham lançado dois tanques contra a base, destruindo o portão principal, há uma semana.

Em declarações aos jornalistas nesta segunda-feira, o secretário de Estado da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, revelou ter falado sobre todos estes incidentes com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant. “Ele assegurou-me de que não há nenhuma intenção de atacar as forças da UNIFIL”, afirmou, antes de insistir “na importância de que estas forças não sejam atacadas”.

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