Em Before, Billy Crystal prega sustos em série

Nova produção estreia-se na Apple TV+ na sexta-feira. É um thriller sobrenatural com Judith Light e Rosie Perez e uma espécie de surpresa.

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Billy Crystal e Jacobi Jupe em Before Apple TV+
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Em quantos papéis dramáticos viu Billy Crystal? Eles existem, mas não serão os mais memoráveis. Não por maus motivos, mas porque a sua comédia, o seu timing de ironia aprazível são o que o faz destacar-se ao longo de mais de 40 anos de carreira. Pois agora a sugestão é ver Billy Crystal num thriller sobrenatural, e com Judith Light e Rosie Perez ao lado. E um menino perdido que precisa da sua ajuda — tanta quanto a personagem de Crystal precisa após enviuvar.

“A minha vida tornou-se numa pintura de Dalí”, sorri Eli Adler na terapia. Há sonhos que parecem um filme de zombies, uma criança misteriosa, fantasmas, sangue, efeitos visuais assustadores, objectos que mudam de sítio, essas coisas. Para o cinéfilo ou "sériefilo" de mente vagamente enciclopédica, pensa-se em Bruce Willis em O Sexto Sentido. Mas diferente. Tipo Um Amor Inevitável de Halloween.

Before estreia-se na próxima sexta-feira na Apple TV+ com dois episódios. Os restantes oito debitam semanalmente, deixando fermentar aquela que é uma das últimas produções da Paramount Television Studios, estúdio que fechou no âmbito do corte de custos da casa mãe Paramount. A série foi criada por Sarah Thorp, que é também a sua showrunner, e Billy Crystal não estava sequer na sua cabeça quando criou o pedopsicólogo que se depara com uma criança tresmalhada que envolve uma série de camadas, nomeadamente temporais.

Não entrando no território de spoilers, pegue-se na questão temporal de outra forma: este é um drama, ainda por cima de género, com episódios a rondar os 30 minutos. Nos últimos tempos, perdoe-se a redundância, abundam os interlocutores de conversas sobre séries que demonstram preocupação e até resistência em encetar uma das milhentas estreias que pululam devido ao factor compromisso. Nesta série, esse temor pode facilmente ser resolvido. São cinco horas no total, e não dez. A cadência semanal pode ou não ajudar ao consumo — o PÚBLICO viu antecipadamente os dez episódios mais ou menos de seguida e num thriller isso tem impacto. Mas depois da estreia, a série ficará disponível na íntegra para quem preferir um binge sem pausas.

Isso beneficia ou não Before? Talvez ajude saber de antemão que o ritmo é relativamente pausado. Há uma delonga no descascar desta laranja, que por vezes pode parecer demora e não degustação? Será que, em plena série-mania, podia ter sido um filme? Como aquelas reuniões que podiam ter sido um e-mail? O que importa mais é o tema. Este é um mergulho na psique humana, na exploração do que é a saúde mental, o segredo, a confusão, até a idade e o amor.

arah Thorp quis seguir esse caminho. “Adoro thrillers psicológicos que se baseiam numa personagem e num núcleo emocional”, disse ao jornal britânico The Independent. “Todos os géneros [narrativos que a série contém] surgem das lutas que estas personagens vivem com o luto e com traumas não resolvidos.”

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