Idade do rastreio do cancro da mama passa para os 45 anos. Liga Portuguesa saúda decisão

Liga Portuguesa Contra o Cancro elogia a decisão do Governo. Uma em cada oito mulheres corre risco de sofrer desta doença.

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A ministra da Saúde, Ana Paula Martins,à direita, com a secretária de Estado da Saúde, Ana Povo FERNANDO VELUDO / LUSA
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A idade mínima para o rastreio do cancro da mama vai baixar para os 45 anos, disse à Lusa a secretária de Estado da Saúde, que espera apenas a publicação da norma da Direcção-Geral de Saúde (DGS) para a medida avançar. A Liga Portuguesa Contra o Cancro considera a decisão do Governo um "passo em frente na luta contra o cancro".

Em comunicado, enviado este sábado às redacções, o Ministério da Saúde lembra que, anualmente, cerca de duas mil mulheres morrem com esta doença.

A medida já tinha sido anunciada, em Maio de 2023, por José Dinis, director do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas da DGS, ao PÚBLICO. Já nessa altura, o responsável avançava que os dados na nova norma “incluirão, seguramente, as recentes guidelines europeias”. Em Abril deste ano, a DGS fez saber que planeava publicar até ao fim de Junho a nova norma que alteraria as idades para a realização do rastreio do cancro da mama. “Estima-se que a publicação da norma ocorra antes do final do primeiro semestre de 2024”, disse fonte oficial.

Neste sábado, Ana Povo adiantou à Lusa que o Governo "já falou com a Direcção-Geral de Saúde [DGS] para fazer o alargamento do rastreio do cancro da mama a mulheres a partir dos 45 anos", tal como é indicado a nível europeu.

"Nós tomamos decisões políticas, mas todos estes trabalhos têm que se basear em normativas técnicas e indicações técnicas pelo que a Direcção-Geral de Saúde já está a trabalhar na norma relativamente ao rastreio do cancro da mama e contamos que no espaço de mês e meio a dois meses esteja publicada", avançou a governante na data em que se assinala o Dia Mundial do Cancro da Mama.

A partir daí, "todas as mulheres a partir dos 45 anos vão ter acesso ao rastreio do cancro da mama", afirmou Ana Povo.

Questionada se a medida poderá ser aplicada ainda este ano, a secretária de Estado disse que falou na sexta-feira com a DGS para tentar que "a norma esteja publicada o quanto antes".

"Poderemos depois analisar fazer uma repescagem das mulheres que durante, por exemplo, este ano estejam nesse intervalo de idade entre os 45 e os 50", adiantou.

"O rastreio do cancro da mama, ao contrário de outro tipo de rastreios, não é um rastreio de prevenção da doença. É aquilo que nós chamamos um rastreio secundário do diagnóstico mais precoce possível da doença, porque nós queremos tratar as mulheres que infelizmente venham a sofrer de cancro da mama o mais precocemente possível", salientou.

A secretária de Estado da Saúde adiantou ainda que o Ministério da Saúde está a desenvolver com a DGS um modelo de governação dos rastreios, com o objectivo de obter taxas de cobertura dos rastreios, quer das doenças oncológicas, quer das doenças não oncológicas, que sejam de, pelo menos, 80%.

Actualmente, a recomendação da DGS para iniciar o rastreio é aos 50 anos, uma norma que será agora actualizada pela autoridade de saúde, cumprindo as recomendações da União Europeia emitidas há dois anos para antecipar a primeira mamografia em cinco anos (para os 45 anos) e estender o rastreio até aos 74 anos.

No Dia Mundial do Cancro da Mama, Ana Povo alertou que uma em cada oito mulheres corre risco de sofrer desta doença.

9000 casos por ano

"Além da prevenção, é preciso estar alerta para este problema, é preciso fazer também a apalpação da mama em casa e, em qualquer questão e em qualquer dúvida, recorrer ao seu médico de família, porque aqui nós pontuamos, ser diagnosticado o mais cedo possível", aconselhou.

Em Portugal, anualmente são detectados cerca de 9000 novos casos de cancro da mama e mais de 2000 mulheres morrem com esta doença.

Em comunicado, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro da Mama afirma estar "muito satisfeito com este passo em frente na luta contra o cancro".

"Congratulamo-nos por Portugal priorizar a prevenção e a detecção precoce, alinhando as suas políticas com as melhores práticas europeias", salienta Vítor Veloso.