Polícia moçambicana confirma “emboscada” na morte de advogado de Mondlane e mandatário do Podemos
Elvino Dias e Paulo Guambe foram executados a tiro numa operação planeada. Mulher que seguia no banco de trás do veículo ficou ferida, mas está livre de perigo.
A polícia moçambicana confirmou este sábado que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que o apoia, mortos a tiro na noite de sexta-feira, foi “emboscada” e que no ataque ficou ferido o terceiro ocupante da viatura.
“Foram abordados e bloqueados por duas viaturas ligeiras de onde desembarcaram indivíduos que, munidos de armas de fogo, fizeram vários disparos que provocaram ferimentos e a morte dos indivíduos acima identificados”, disse à Lusa o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) da cidade de Maputo, Leonel Muchina.
O crime aconteceu na sexta-feira cerca das 23h20 locais (menos uma hora em Lisboa), na avenida Joaquim Chissano, no centro da capital, e segundo a polícia um outro ocupante, uma mulher que seguia no banco traseiro da viatura, foi igualmente atingida a tiro, tendo sido transportada ao Hospital Central de Maputo.
“Foi socorrida, não corre nenhum risco de vida. Foi ferida apenas nos membros superiores”, esclareceu Muchina.
Segundo o porta-voz da PRM, as vítimas tinham estado a confraternizar num mercado de Maputo, tendo ocorrido “supostamente” uma “discussão derivada de assuntos conjugais”, de onde “posteriormente terão sido seguidos”.
“Naturalmente que condenamos o crime hediondo e garantimos que estamos a tomar todas as medidas conducentes ao esclarecimento do caso”, disse Leonel Muchina.
“Apelamos a todos os mandatários de partidos políticos, cabeças de lista e outras figuras a se furtarem de frequentar locais expostos e susceptíveis de ocorrência de crimes. E estamos, naturalmente, dispostos a prover segurança a todos os cidadãos, que é o nosso compromisso, de garantirmos a livre circulação destes cidadãos. E apelamos também à calma e serenidade das pessoas”, acrescentou o porta-voz da PRM.
Durante toda a madrugada circularam em Moçambique vídeos de extrema violência das duas vítimas e da viatura atingida aparentemente por mais de duas dezenas de tiros.
O advogado Elvino Dias, conhecido defensor de casos de direitos humanos em Moçambique, era assessor jurídico de Venâncio Mondlane e da Coligação Aliança Democrática (CAD), formação política que apoiou inicialmente aquele candidato a Presidente da República de Moçambique, até a sua inscrição para as eleições gerais de 9 de Outubro ter sido rejeitada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Venâncio Mondlane viria depois a ser apoiado na sua candidatura pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), cujo mandatário nacional das listas às legislativas e provinciais, Paulo Guambe, morto também no ataque.
O Governo português e a União Europeia já condenaram estes assassínios.