“Tempo máximo para abraços: três minutos”, impõe aeroporto de Momona

Abraços demorados? “Use o parque de estacionamento”, ordena o Aeroporto de Dunedin, Nova Zelândia, conhecido como Aeroporto de Momona. A regra está a levar muita gente a pôr as mãos no ar.

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Não é um piada, é um sinal oficial no aeroiporto de Dunedin, Nova Zelândia Dunedin Airport
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O Aeroporto Internacional de Dunedin fica na região de Otago, Ilha do Sul da Nova Zelândia. Lido assim, dir-se-ia que não seria aeroporto para grandes dores de cabeça nas zonas de acesso livre, ao contrário do que acontece em infra-estruturas mais populares e frequentadas (digamos, por exemplo, Lisboa). Mas vai-se a ver, a verdade é que, pelos vistos, a administração do aeroporto concluiu que as pessoas estão a demorar demasiado tempo em pontos como as áreas de partidas e chegadas, "importunando a normalidade do fluxo". Decisão tomada, já controversa e a dar a volta ao mundo: "Tempo máximo para abraços: três minutos", impõe-se agora em cartazes e nas comunicações oficiais do aeroporto. Quem quiser abraçar por mais tempo é ficar-se pelo parque de estacionamento, sugerem.

Também conhecido como Aeroporto de Momona (a localidade onde se situa), é, na verdade, o quinto aeroporto com mais tráfego do país, aproximando-se do milhão de passageiros por ano. Naturalmente, são milhões de abraços. Um problema? Neste canto da Nova Zelândia, parece que sim. As redes entraram em polvorosa no país assim que foi divulgada a imagem do novo sinal. "O Aeroporto de Dunedin aperta com os abraços", titula um jornal local, o Otago Daily Times.

"É tudo sobre tempo, mas quanto tempo é tempo a mais?", perguntou-se num programa da RNZ, radio público neo-zelandesa. O director do aeroporto, Daniel De Bono, respondeu: "As zonas de largada de passageiros são muito intensas", começa por justificar, defendendo que as áreas de drop-off têm de ter uma gestão de fluxo e multidões eficiente. Admitindo que o abraço de até três minutos gerou muita polémica, refere que é necessário porque "demasiadas pessoas demoram demasiado tempo", rematando que "não há espaço para todos".

Sendo que, como diz, os aeroportos são "epicentros emocionais", De Bono até traz outros números à baila, referindo-se a estudos científicos que demonstram que bastam 20 segundos para um bom abraço, o suficiente para libertar e partilhar a "hormona do amor", a oxitocina, e a "hormona do bem-estar", a serotonina, para além da "hormona do prazer", a dopamina. Muitas mais hormonas a voar, ideais para quem fica e para quem parte - na verdade, além dos famosos "abraços de 20 segundos", há estudos que referem que os melhores abraços podem até durar apenas de 5 a 10 segundos.

"Mas há uma polícia do abraço?", pergunta a bem-humorada entrevistadora. "Tudo o que a equipa de segurança faz é pedir educadamente que [os abraçadores prolongados] mudem para o parque, não vamos chamar a polícia do abraço, isso seria de doidos."

Num toque mais pessoal, De Bono adianta que para ele "chegam dez segundos" para um abraço. Logo, "três minutos é mais que tempo que chegue", sublinha. Curiosamente, a entrevista demora cinco minutos.

Saliente-se que o aeroporto de Mamona permite entradas gratuitas até 15 minutos no parque, sendo este pago a partir daí. Uma medida habitual por todo o mundo, mas que varia no tempo permitido e nos custos.

Em Portugal, por casualidade, em matéria de Pick up & Drop off, fala-se mais em beijos do que em abraços. No aeroporto de Lisboa, a gestora aeroportuária ANA criou há muito o Kiss & Fly (Beija e voa). "Vai levar alguém e precisa apenas de uns minutos para encostar o carro? Não tem problema, Kiss & Fly é a solução". O sistema, "reservado para paragens rápidas em que o condutor não abandona o veículo", foi "criado para reduzir o trânsito em redor das partidas e chegadas do aeroporto", lê-se no site oficial.

"Kiss & Fly são áreas de estacionamento reservadas para paragens rápidas, gratuitas até aos dez minutos, em que não precisa sequer de sair do carro" e "num período de 24 horas, é possível parar por dois períodos gratuitos de dez minutos".

Mas, lá está, "no caso da paragem ser mais prolongada, o estacionamento é pago. "Se precisa de parar por mais tempo para se despedir ou para esperar, evite multas, e utilize os parques de estacionamento existentes no aeroporto", avisa a ANA. Se for para grandes abraços, grandes beijos, já sabe: ligue o cronómetro.

Para matar saudades daquele abraço, daquele beijo, é voar entretanto, aqui abaixo, para um dos mais amorosos finais de um filme com um aeroporto como cenário. É que O Amor Acontece. Por quanto tempo? Sabe Deus, talvez três minutos.

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