Público Brasil Histórias e notícias para a comunidade brasileira que vive ou quer viver em Portugal.
O ovo é vilão ou mocinho?
Por que a todo momento a ciência muda de opinião sobre os alimentos?
Os artigos da equipa do PÚBLICO Brasil são escritos na variante da língua portuguesa usada no Brasil.
Acesso gratuito: descarregue a aplicação PÚBLICO Brasil em Android ou iOS.
No começo deste mês, a revista Nature anunciou que cientistas americanos montaram um mapa em três dimensões do cérebro da drosófila, aquele inseto que também é chamado de mosca das frutas. Além de belíssimas, as imagens publicadas com a reportagem são incríveis: mostram o órgão mais complexo de qualquer ser vivo por dentro, em detalhes.
O cérebro da drosófila tem o tamanho de uma semente de papoula. O grande problema da ciência — como nos mostrou essa pesquisa que demorou 10 anos para ser concluída —, e também o seu imenso fascínio, é que ela é complexa e está constantemente evoluindo.
Sempre tive grande interesse pela ciência. Cursei biologia por quase três anos. A bioquímica me derrubou porque, entre a outra faculdade que cursava, o jornalismo, e o trabalho de meio período, não sobrava muito tempo para estudar algo tão complexo como as reações químicas que ocorrem nos seres vivos.
Nos últimos anos, comecei a ler e a fazer cursos online sobre nutrição. Descobri que é extremamente complicado chegar a alguma conclusão definitiva. Por isso, a toda hora surge uma novidade relativa à alimentação. Num dia o ovo é vilão, no mês seguinte, é um alimento perfeito; uma pesquisa mostra que vinho tinto faz bem e outra que nenhuma quantidade de álcool é considerada segura...
Isso acontece porque não é fácil fazer pesquisa sobre alimentação com seres humanos. É antiético prendê-los em um quarto e obrigá-los a comer uma coisa ou outra, ou mantê-los sob vigilância constante para saber se consumiram ou não aquele doce extra ou um copo de vinho a mais.
Além disso, cada pessoa reage de maneira diferente aos alimentos. Os metabolismos são diversos. O que é bom para você, pode me dar alergia. Algumas coisas já estão estabelecidas: alimentos ultraprocessados, muito açúcar e gordura fazem mal; frutas, leguminosas e verduras fazem bem... Outras, dependem. Eu evito ingerir qualquer coisa de origem animal e me sinto extremamente bem com isso, mas tenho amigos que comem carne e ovos e tomam leite e estão igualmente saudáveis.
Além das dificuldades com as pesquisas, o setor de alimentação sofre um lobby fortíssimo por parte da indústria. Todo mundo quer provar que seu produto é mais saudável, mais gostoso ou mais nutritivo do que o do concorrente e assim lucrar mais. Outro ponto é que os médicos quase não estudam nutrição na faculdade.
Além disso, como sabem que as pessoas não mudam de hábitos alimentares facilmente, preferem indicar remédios para doenças que, em muitos casos, poderiam ser mantidas em equilíbrio com trocas de alimentos e exercícios físicos, como colesterol alto e diabetes.
Coisas que temos certeza hoje, podem ser consideradas bobagem amanhã. O cérebro das drosófilas tem 140 mil neurônios; o humano tem 86 bilhões de neurônios! Imaginem o quanto ainda temos para descobrir. Por isso, apesar de não ter religião, eu acredito em qualquer coisa, até mesmo na possível existência de um deus todo poderoso. Talvez a ciência só não tenha comprovado ainda que ele está no meio de nós.
O que eu tenho certeza é que esta receita, além de divina, é muito fácil de fazer:
Quibe de tomate
- 4 tomates grandes bem maduros
- 1 cebola média
- 1 xícara de trigo para quibe
- 1 colher de chá de sal
- Pimenta Jamaica ou do reino a gosto
- 1 punhado de hortelã
Lave bem os tomates, tire a casca da cebola, corte tudo em quatro e coloque no liquidificador. Junte o sal e a pimenta. Bata até ficar um molho grosso. Em uma forma de vidro misture bem os tomates batidos com o trigo. Tampe e leve ao refrigerador por pelo menos quatro horas. Quando for servir, pique e misture a hortelã. Fica ótimo com um fio de azeite.