Nota da direcção:

Os leitores certamente se aperceberão de que o suplemento Ípsilon desta sexta-feira e, sábado, o suplemento Fugas não apresentam as características de impressão habituais. Tal decorre de circunstâncias a que o PÚBLICO é totalmente alheio e que nos foram comunicadas sem aviso prévio, o que nos obrigou a encontrar uma solução de recurso para garantir a publicação dos referidos suplementos que afectou a sua qualidade e formato de impressão. Aos leitores, o nosso pedido de desculpas por este imprevisto, que procuraremos resolver o mais rapidamente possível.


Ela existe nas palavras, o resto (a biografia, o que pensa do mundo, da literatura, as coisas que costumamos perguntar aos escritores) é mistério. Dez livros em 43 anos e uma reserva pessoal – não dá entrevistas, não quer ser fotografada – que alimenta a mitologia.

Fomos falando dela no Ípsilon, crítica após crítica, quase todas muito elogiosas, sobretudo quando nos dava mais um livro de contos. Mas nunca tínhamos olhado com esta profundidade para ela. Teresa Veiga está de volta com Vermelho Delicado, volume de contos onde permanece a aura de mistério e subversão.

"Teresa Veiga é Teresa Veiga e a sua atitude de reserva nada tem a ver com intenções mercantis de criar um mistério que incentive a procura dos seus livros", defende Serafina Martins, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no prefácio de Teresa Veiga: Luz e Mistério na Ficção Portuguesa Contemporânea, livro recente que assinala os 40 anos de vida literária da escritora nascida em 1945.

Neste trabalho, Isabel Lucas escreve que Teresa Veiga, um dos grandes nomes da literatura portuguesa contemporânea, prefere quase sempre centrar-se nos "mistérios minúsculos" para "se interrogar acerca da grande escala do insondável ou da ambiguidade do humano. Com ela, estamos no território da perplexidade, do desconcerto, muitas vezes a tocar o fantástico, sempre marcado pela subversão e grande ironia".

No Irão, Estado e sociedade estão cada vez mais afastados. Depois dos protestos e da repressão, a sociedade optou por "uma forma de desobediência civil": "os iranianos decidiram deixar de participar na farsa do regime", diz o historiador Ali M. Ansari, autor de Irão, em entrevista a Sofia Lorena.

Henry Fonda for President "é um ensaio, um road movie, um olhar sobre a utopia americana e a irreprimível violência que percorre uma ideia de país". Inclua-se o documentário de Alexander Horwath "numa lista dos melhores filmes sobre a política americana", pede Vasco Câmara. É um dos filmes-retrato (a par de outros sobre François Truffaut, Jacques Demy, Pierre Creton, Robert Kramer, entre outros) que poderemos ver no Doclisboa. Neste dossier, Jorge Mourinha olha para a retrospectiva Back to the Future: vai de Dziga Vertov a Manoel de Oliveira.

A partir desta sexta-feira, Francis Alÿs apresenta em Serralves Ricochetes, que dá destaque aos vídeos curtos da sua série Children’s Games. Mostram como as crianças brincam em diferentes pontos do mundo, numa altura em que "as brincadeiras de rua estão a desaparecer". "Interesso-me por mostrar a forma como brincar permite às crianças assimilar a dura realidade da guerra ou das suas circunstâncias traumáticas", disse o artista belga na conversa com Daniel Dias.

Também neste Ípsilon:

– O encontro de Carminho com Steve Albini (1962-2024) deu um disco;

– Mais música: The Hard Quartet (que entrevistámos) e novos álbuns de Pedro Burmester e Nubya Garcia;

– A exposição de Alexandre Estrela na Culturgest, Lisboa;

– A performance The Last Lamentation: Valentina Medda, carpideiras e o luto pelas mortes no Mediterrâneo;

– Críticas: o livro Física da Tristeza, de Gueorgui Gospodinov; os filmes The Apprentice — A História de Trump, Sem Coração e Casa de Repouso — As Férias.

E não só. Boas leituras!


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