EUA pressionam Israel para um cessar-fogo depois da morte de líder do Hamas
Biden e Harris disseram que morte de Yahya Sinwar abre oportunidade para cessar-fogo, enquanto Netanyahu promete recuperar os reféns. Irão diz que morte de Sinwar alimenta “espírito de resistência”.
O Presidente dos EUA, Joe Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, afirmaram que a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, às mãos das forças israelitas em Gaza significa “o primeiro passo para um cessar-fogo” na guerra em Gaza, pressionando o Governo israelita a a obtê-lo, apesar da promessa de que Israel iria continuar a combater para recuperar os reféns feitos no ataque do dia 7 de Outubro de 2023.
Falando aos jornalistas depois de ter aterrado em Berlim, o Presidente norte-americano garantiu ter dito numa conversa telefónica ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que os EUA estavam “satisfeitos com as suas acções” e que, “além disso, era altura de seguir em frente”.
Para o Presidente norte-americano, “seguir em frente” significa “avançar para um cessar-fogo em Gaza, garantir que estamos a avançar numa direcção em que estaremos em posição de melhorar as coisas para o mundo inteiro”, disse Biden, pressionando Netanyahu a cessar as hostilidades na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
Kamala Harris, vice-presidente dos EUA e candidata do Partido Democrata às eleições presidenciais nos EUA em Novembro, alinhou com Biden, afirmando que a morte do líder do Hamas traz uma “oportunidade” para o fim da guerra.
“Este momento dá-nos uma oportunidade de finalmente acabar com a guerra em Gaza, e ela deve acabar de tal forma que Israel esteja seguro, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza acabe e o povo palestiniano possa alcançar o seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação”, afirmou Harris, num evento de campanha em Milwaukee, no estado do Wisconsin, sublinhando que “foi feita justiça”.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, numa declaração publicada na rede social X, afirmou que a morte do líder do Hamas “não significa o fim da guerra em Gaza, mas o início do fim”.
“Esta guerra pode acabar amanhã, se o Hamas pousar as suas armas e devolver os reféns”, afirmou Netanyahu, acrescentando que a organização ainda tem 101 reféns israelitas na Faixa de Gaza e que Israel não irá parar até que todos os reféns sejam trazidos de volta a casa.
Apesar da pressão norte-americana, o analista e antigo negociador dos Estados Unidos entre israelitas e palestinianos Aaron David Miller afirmou, numa publicação na rede social X, que não acredita que a morte do líder seja um momento que traga um fim à guerra.
“Não acredito em mudanças de paradigma, em pontos de inflexão ou em transformações emocionantes”, escreveu o analista, acrescentando que, “para tirar partido da morte de Sinwar, seria necessário que o(s) seu(s) sucessor(es) e Netanyahu assumissem verdadeiros riscos para pôr fim à guerra em Gaza”.
“É muito pouco provável que essas decisões sejam tomadas rapidamente – ou de todo”, acrescentou o analista.
Já a revista The Economist apresenta uma perspectiva diferente, mostrando-se mais optimista com as possibilidade que a morte de Sinwar abre para a região, escrevendo que “faz aumentar a hipótese, até agora ténue, de um cessar-fogo e da libertação de reféns em Gaza”.
“E, se isso acontecer, há um caminho estreito para um desanuviamento em toda a região, mesmo com a guerra no Líbano e a perspectiva de retaliação israelita contra ataques de mísseis iranianos”, acrescenta a publicação.
Morte de Sinwar vai fortalecer “espírito de resistência”, segundo Irão
Já o Irão, numa declaração emitida pela missão do país nas Nações Unidas na rede social X, disse que a morte de Yahya Sinwar vai fortalecer “o espírito de resistência”, comentando as imagens publicadas pelo exército israelita em que o líder do Hamas é visto sem parte do seu braço e atira um objecto contra um drone, usando na cabeça um keffiyeh, lenço típico palestiniano.
Para o Irão, “quando os muçulmanos olharem para o mártir Sinwar no campo de batalha – em traje de combate e em campo aberto, não num esconderijo, enfrentando o inimigo – o espírito de resistência será fortalecido”, afirmou a missão do Irão na declaração.
“Ele vai-se tornar um modelo para os jovens e as crianças que levarão por diante o seu caminho para a libertação da Palestina. Enquanto houver ocupação e agressão, a resistência perdurará, pois o mártir permanece vivo e é uma fonte de inspiração.”