Biden vê oportunidade para travão no conflito entre Israel e o Irão — cessar-fogo em Gaza é mais difícil
Biden e Harris disseram que morte de Yahya Sinwar abre oportunidade para cessar-fogo, enquanto Netanyahu promete recuperar os reféns. Irão diz que morte de Sinwar alimenta “espírito de resistência”.
O Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, afirmou na sexta-feira que existe uma oportunidade para lidar com Israel e o Irão de uma forma que potencialmente ponha fim ao conflito no Médio Oriente durante algum tempo. Num discurso aos jornalistas no final de uma visita a Berlim, Biden disse também que sabe como e quando Israel vai retaliar contra os ataques de mísseis do Irão.
“Na minha opinião, existe uma oportunidade e os meus parceiros concordam que podemos provavelmente negociar com Israel e com o Irão de uma forma que ponha fim ao conflito durante algum tempo. Que termine o conflito, por outras palavras, que acabe com os ataques e os contra-ataques”, disse Biden, de acordo com a agência Reuters. O Presidente dos Estados Unidos falava aos jornalistas antes de manter conversações à porta fechada com o chanceler alemão, Olaf Scholz, durante uma viagem de um dia a Berlim para discutir assuntos que vão desde a Ucrânia ao conflito em expansão no Médio Oriente. Biden acrescentou ainda que acredita que existe a possibilidade de trabalhar para um cessar-fogo no Líbano, mas que esses esforços serão mais difíceis em Gaza.
As promessas de Israel, do Hamas e do Hezbollah de continuarem a combater em Gaza e no Líbano, frustraram, de certo modo, as esperanças de que a morte de Yahya Sinwar, na quinta-feira, pudessem levar a um cessar-fogo na Faixa de Gaza.
EUA pressionam Israel para um cessar-fogo depois da morte de líder do Hamas
Pouco depois da confirmação de Israel de que Sinwar tinha sido morto, Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, afirmaram que tinha sido dado “o primeiro passo para um cessar-fogo” na guerra em Gaza, pressionando o Governo israelita a a obtê-lo. Falando aos jornalistas depois de ter aterrado em Berlim, o Presidente norte-americano garantiu ter dito numa conversa telefónica ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que os EUA estavam “satisfeitos com as suas acções” e que, “além disso, era altura de seguir em frente”.
Para o Presidente norte-americano, “seguir em frente” significa “avançar para um cessar-fogo em Gaza, garantir que estamos a avançar numa direcção em que estaremos em posição de melhorar as coisas para o mundo inteiro”, disse Biden, pressionando Netanyahu a cessar as hostilidades na Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas.
Kamala Harris, vice-presidente dos EUA e candidata do Partido Democrata às eleições presidenciais nos EUA em Novembro, alinhou com Biden, afirmando que a morte do líder do Hamas traz uma “oportunidade” para o fim da guerra.
“Este momento dá-nos uma oportunidade de finalmente acabar com a guerra em Gaza, e ela deve acabar de tal forma que Israel esteja seguro, os reféns sejam libertados, o sofrimento em Gaza acabe e o povo palestiniano possa alcançar o seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação”, afirmou Harris, num evento de campanha em Milwaukee, no estado do Wisconsin, sublinhando que “foi feita justiça”.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, numa declaração publicada na rede social X, afirmou que a morte do líder do Hamas “não significa o fim da guerra em Gaza, mas o início do fim”.
“Esta guerra pode acabar amanhã, se o Hamas pousar as suas armas e devolver os reféns”, afirmou Netanyahu, acrescentando que a organização ainda tem 101 reféns israelitas na Faixa de Gaza e que Israel não irá parar até que todos os reféns sejam trazidos de volta a casa.
Morte de Sinwar vai fortalecer “espírito de resistência”, segundo Irão
Já o Irão, numa declaração emitida pela missão do país nas Nações Unidas na rede social X, disse que a morte de Yahya Sinwar vai fortalecer “o espírito de resistência”, comentando as imagens publicadas pelo exército israelita em que o líder do Hamas é visto sem parte do seu braço e atira um objecto contra um drone, usando na cabeça um keffiyeh, lenço típico palestiniano.
Para o Irão, “quando os muçulmanos olharem para o mártir Sinwar no campo de batalha – em traje de combate e em campo aberto, não num esconderijo, enfrentando o inimigo – o espírito de resistência será fortalecido”, afirmou a missão do Irão na declaração.
“Ele vai-se tornar um modelo para os jovens e as crianças que levarão por diante o seu caminho para a libertação da Palestina. Enquanto houver ocupação e agressão, a resistência perdurará, pois o mártir permanece vivo e é uma fonte de inspiração.”