Taxas Euribor descem mais um pouco após corte de juros do BCE

Decisão do banco central estava “descontada” nas quedas recentes. Mercado antecipa Euribor a três e seis meses abaixo dos 3% até ao final do ano.

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Encargos com a prestação da casa dos empréstimos associados às taxas Euribor vão continuar a descer Manuel Roberto
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As taxas Euribor utilizadas no crédito à habitação, a três, seis e 12 meses desceram esta sexta-feira, a primeira descida depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter confirmado mais uma redução das suas taxas directoras. A queda é, no entanto, ligeira, porque a decisão de corte de 0,25 pontos percentuais adoptada pela autoridade monetária já era esperada e já tinha sido antecipada nas descidas recentes.

Apesar de alguma incerteza em relação à evolução da inflação nos próximos meses, a expectativa do mercado é a de que o banco central continuará a descer as suas taxas – com reflexo nas Euribor –, tendo em conta os riscos de a economia da zona euro entrar em recessão.

Para quem tem empréstimos associados às taxas Euribor, como é grande parte do crédito à habitação e às empresas, a descida das taxas Euribor vai continuar a trazer boas notícias, pela redução dos encargos com juros. Até ao final do ano, o mercado antecipa que as Euribor a três e seis meses possam ficar abaixo de 3%, encostando-se a 2% em Junho de 2025, valores que, a confirmarem-se, representam uma queda para metade face aos 4% atingidos na recta final de 2023.

Embora as futuras decisões do banco central dependam da evolução de vários indicadores, com destaque para a inflação, que tem vindo a cair de forma acentuada, mas também do crescimento económico da zona euro, o mercado está a apostar num novo corte de taxas em Dezembro.

Com as alterações desta sexta-feira, a taxa a três meses baixou para 3,201%, menos 0,018 pontos percentuais face à sessão anterior. Este prazo foi o que desceu de forma mais expressiva, porque nas últimas sessões tem registado um comportamento mais errático, com algumas subidas.

A Euribor a seis meses baixou para 3,028%, menos 0,008 pontos do que na sessão anterior e, segundo a Lusa, um novo mínimo desde 16 de Março de 2023. Este prazo está muito perto de quebrar a barreira dos 3%.

A taxa mais longa é a que está mais baixa, o que é explicado pelo facto de reflectir o custo do dinheiro para um horizonte de 12 meses, caindo para 2,709%, igualmente menos 0,008 pontos do que esta quinta-feira.

Com a decisão de descida em 0,25 pontos percentuais das taxas directoras, a taxa de depósitos (depo) do BCE, a que mais influencia o custo do dinheiro para famílias e empresas na zona euro, recuou para 3,25%. A taxa das operações principais de refinanciamento caiu de 3,65% para 3,4%, e a de facilidade permanente, dos 3,9% para 3,65%.

De acordo com uma nota do BPI, os mercados atribuíam, no final da sessão desta quinta-feira, “uma probabilidade de 100% de um novo corte de 25 pontos-base [o equivalente a 0,25 pontos percentuais] em Dezembro (e uma probabilidade de quase 50% de o corte ser de 50 pontos-base). E, no final de 2025, o mercado está a discutir a possibilidade de a taxa de depósito se situar em 1,75% ou 2,00%”.

Reflexo nas prestações

À semelhança do que já acontece praticamente desde o início do ano, a queda das taxas de juro vai traduzir-se numa redução das prestações dos empréstimos associados às taxas Euribor. A revisão das taxas é feita a cada três, seis ou 12 meses, conforme o prazo utilizado nos contratos.

Os actuais valores das Euribor também se reflectem nos novos empréstimos. E, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa implícita nos empréstimos contratados nos últimos três meses fixou-se em Setembro em 3,569% (3,665% em Agosto). Esta taxa já inclui o spread ou margem comercial dos bancos, e para esta estatística entram não só os contratos associados às taxas Euribor, mas também as taxas mistas (com uma componente inicial fixa e depois variável), e fixa durante todo o contrato.

No conjunto da carteira de crédito à habitação, e com todos os regimes de taxas, a taxa implícita diminuiu para 4,362% em Setembro, uma descida de 5,5 pontos-base face a Agosto (4,417%) e menos 29,5 pontos-base desde o máximo atingido em Janeiro de 2024 (4,657%).

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