Influencer que castigou filha com água fria condenada a pena suspensa de prisão por violência doméstica

Tribunal condenou Joana Mascarenhas a pena suspensa de dois anos e meio de prisão por violência doméstica. Mãe tem ainda que pagar uma indemnização de mil euros à vítima

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A advogada da influencer tinha argumentado que "uma decisão infeliz não pode assumir relevância criminal" Manuel Roberto
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A influencer que confessou ter mergulhado a filha em água fria para travar as birras da criança, foi condenada a dois anos e meio de prisão com pena suspensa pelo crime de violência doméstica, adiantou o Jornal de Notícias esta quinta-feira. A sentença obriga Joana Mascarenhas a seguir um plano da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e a pagar uma indemnização de mil euros à vítima.

Em Junho de 2023, a criadora de conteúdos online expôs nas redes sociais duas ocasiões em que recorrer a água fria para fazer com que as birras da filha, então com cerca de três anos, parassem. Numa delas, mergulhou-a na água da piscina até ao pescoço. Noutra, colocou a criança ainda de pijama na banheira e molhou-a com água fria. As birras efectivamente paravam — mas, segundo a juíza, esta "não é uma forma de cuidar".

Joana Mascarenhas foi a julgamento esta quarta-feira, 16 de Outubro, no Tribunal Local Criminal de Lisboa, que deu razão ao Ministério Público quando este pediu pena de prisão suspensa por violência doméstica para a influencer. A defesa, no entanto, vai recorrer da decisão: “Obviamente que vamos recorrer”, reagiu a advogada Margarida Vaz quando foi abordada pelo Jornal de Notícias.

A magistrada responsável pelo caso concordou que Joana Mascarenhas — que assumiu a veracidade dos relatos que tinha colocado nas redes sociais — não repetirá aquelas formas de castigo e que os banhos inesperados de água fria não traumatizaram a menina. No entanto, considera que essa é "uma forma de resolução à força" que, se acontecesse entre adultos, seria facilmente classificada de "humilhante".

A advogada da influencer tinha argumentado que "uma decisão infeliz não pode assumir relevância criminal", ainda para mais tendo em conta que os castigos não tinham ferido a criança física ou psicologicamente. A procuradora Ana Cabaço concordou que os banhos de água fria tinham sido "um acto isolado" e uma "decisão infeliz", mas defendeu que Joana Mascarenhas devia ser sancionada por eles.

Em julgamento, a juíza deu razão ao Ministério Público. Mas a defesa da influencer tem agora 30 dias, a partir do momento em que foi notificada da decisão do tribunal, para recorrer da decisão.

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