Israel confirma que matou o líder do Hamas em Gaza

Yahya Sinwar, que subiu à liderança do grupo islamista há poucos meses, terá sido encontrado por acaso num edifício em Gaza. É considerado um dos estrategas do ataque a Israel a 7 de Outubro de 2023.

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O líder do Hamas, Yahya Sinwar REUTERS/David 'Dee' Delgado
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O líder do Hamas, Yahya Sinwar, foi morto por soldados israelitas na Faixa de Gaza. A confirmação oficial foi dada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros israelita ao fim da tarde desta quinta-feira, depois de terem sido analisadas amostras de ADN e fotografias dos dentes de Sinwar. Pouco depois, também as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) o confirmaram com uma publicação no X em que se lê apenas "Eliminado: Yahya Sinwar".

Numa comunicação enviada a homólogos de vários países, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita diz que "o assassino em massa", considerado o principal estratega do ataque do Hamas a Israel a 7 de Outubro de 2023, foi morto esta quinta-feira. Israel Katz refere-se à morte de Sinwar como "um grande feito militar e moral de Israel" e "uma vitória para todo o mundo livre contra o eixo do mal do Islão radical, liderado pelo Irão".

As IDF tinham adiantado, ao início da tarde, que estavam a verificar a possibilidade de terem matado o líder do Hamas durante uma operação de rotina na Faixa de Gaza. Altos responsáveis israelitas declararam à imprensa do país e à Reuters que havia "uma elevada probabilidade" de Sinwar ser um dos três mortos.

Yossi Melman, jornalista especializado em segurança, escreveu no X que "o corpo foi levado para um laboratório para comparar amostras de ADN recolhidas quando esteve numa prisão israelita entre 1988 e 2011".

Segundo o Canal 12 da TV israelita, os soldados, em patrulha de rotina, dispararam contra um grupo de militantes do Hamas no rés-do-chão de um edifício. Quando entraram no edifício, aperceberam-se de que um dos mortos “era muito parecido” com Sinwar. A emissora Kan adiantou que a operação que levou à morte de Sinwar foi um mero acaso e que não havia qualquer informação que indicasse que o homem de 62 anos estaria naquele lugar.

Regresso dos reféns

Yahya Sinwar, que esteve preso 22 anos, depois de ter sido condenado a quatro penas de prisão perpétua por Israel, foi um dos principais arquitectos do ataque do Hamas a território e cidadãos israelitas no dia 7 de Outubro de 2023. Assumiu a liderança do grupo islamista após o assassínio de Ismail Haniyeh, em Teerão, num ataque levado a cabo por Israel em Julho deste ano.

Quando ainda não havia confirmação oficial sobre a morte de Sinwar, a meio da tarde, a principal organização de familiares de reféns do Hamas expressou satisfação com a notícia e pediu ao Governo de Benjamin Netanyahu que use este acontecimento para negociar a libertação de quem ainda está em Gaza. "As famílias dos reféns manifestam uma séria preocupação pelo destino de 101 homens, mulheres e crianças ainda mantidas em cativeiro pelo Hamas, e imploramos que este feito notável sirva de alavanca para um acordo imediato de regresso seguro dos reféns", escreveu a Bring Them Home Now no X.

Na mesma rede social, o ministro israelita da Defesa, Yoav Gallant, publicou as caras de Hassan Nasrallah (líder do Hezbollah, morto por Israel em Beirute) e de Mohammed Deif (comandante da ala armada do Hamas, morto por Israel em Gaza) com um X por cima e um quadrado vazio também com um X por cima. "Os nossos inimigos não se podem esconder. Vamos persegui-los e eliminá-los", escreveu, acrescentando uma citação bíblica (do Antigo Testamento).

Várias fugas

Yahya Sinwar foi dado como morto várias vezes durante a actual guerra, mas tal acabou por não se confirmar. No final de Janeiro, diz o The New York Times, as autoridades israelitas e norte-americanas pensaram que estavam prestes a capturar o líder do Hamas quando soldados israelitas entraram num complexo de túneis no Sul de Gaza, onde pensavam que estava escondido. Mas Sinwar tinha saído do bunker na cidade de Khan Younis apenas alguns dias antes.

Em Agosto, as IDF, que descobriram os corpos de seis reféns num túnel sob Rafah, no Sul de Gaza, encontraram sinais da presença anterior de Sinwar na área, segundo Yoav Gallant, o ministro da Defesa israelita.

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