Arquidiocese de Los Angeles pagou 810 milhões de euros a vítimas de abusos sexuais

Valor do acordo entre a arquidiocese e as vítimas é o maior pago por uma só arquidiocese

Foto
Igreja Católica tem sido alvo de acusações de abusos sexuais PEDRO NUNES / REUTERS
Ouça este artigo
00:00
02:18

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A arquidiocese de Los Angeles, nos EUA, concordou em pagar cerca de 810 milhões de euros em indemnizações a 1353 pessoas por abusos sexuais, naquele que é o maior acordo extrajudicial alguma vez pago por uma só arquidiocese da Igreja Católica.

O acordo entre a arquidiocese e as vítimas foi anunciado esta quarta-feira, superando o anterior recorde de 600 milhões estabelecido pela mesma arquidiocese, em 2007.

“Peço desculpa por cada um destes incidentes, do fundo do meu coração”, disse o arcebispo José H. Gomez, no anúncio do acordo citado pelo New York Times, tendo acrescentado que a sua “esperança é que este acordo proporcione alguma forma de cura para o que estes homens e mulheres sofreram”.

Para um advogado de algumas das vítimas, Michael Reck, “nunca será feita justiça plena quando o prejuízo é a vida de uma criança”.

“Mas é uma medida de justiça e uma medida de responsabilidade que, pelo menos, dá a estes sobreviventes uma sensação de encerramento”, acrescentou o representante, em declarações ao New York Times.

Segundo o jornal norte-americano, este acordo leva à “quase conclusão de décadas de litígios contra a arquidiocese, restando apenas algumas acções em curso” que obrigaram a arquidiocese a vender “bens imobiliários”, a liquidar “investimentos” e a contrair “empréstimos”.

“Não serão utilizados para este acordo quaisquer donativos destinados às paróquias ou às recolhas e campanhas a nível arquidiocesano”, afirmou o arcebispo numa declaração publicada no site ​da arquidiocese.

Determinámos que o financiamento para este acordo será retirado de reservas, investimentos e empréstimos, juntamente com outros activos da arquidiocese e pagamentos que serão feitos por ordens religiosas e outras pessoas nomeadas no litígio”, acrescentou, na declaração.

Segundo o jornal, “algumas das queixas de abuso sexual datam de há décadas”, mas os processos nunca tinham sido apresentados, tendo passado os prazos de prescrição. Porém, uma lei no estado da Califórnia de 2019 abriu uma janela de três anos para estes casos serem reabertos e as vítimas poderem iniciar processos civis para obterem uma indemnização.

“Temos clientes na casa dos 60 e 70 anos que nunca puderam apresentar um caso antes”, afirmou ao NYT, Morgan A. Stewart, advogado de outras vítimas do processo. Acrescentou que estavam “convencidos” de que tinham alcançado “o melhor número possível” sem que a arquidiocese declarasse “falência”.

Sugerir correcção
Comentar