De Nova Iorque para o Beato, o Tribeca Festival Lisboa celebra o storytelling

Primeira edição europeia do festival fundado por Robert De Niro começa esta sexta-feira, com muitas conversas e palestras, música ao vivo e cinema, e uma parada de figuras do Grupo Impresa.

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Robert De Niro criou o Tribeca Film Festival (hoje Tribeca Festival) para reanimar uma zona de Nova Iorque duramente castigada pelo atentado de 11 de Setembro Arturo Holmes/Getty Images/Tribeca Festival
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Com a expansão a Portugal do Tribeca Festival, Robert De Niro estará este fim-de-semana em Lisboa. Não vem sozinho: com o actor de Taxi Driver, Era uma Vez na América ou O Irlandês estarão a sua sócia de sempre, a produtora Jane Rosenthal, com quem trabalha desde 1988; Jon Kilik, produtor (de filmes seus ou de Spike Lee); a comediante e actriz Whoopi Goldberg; Patty Jenkins, realizadora de Mulher Maravilha e Monster; ou Griffin Dunne, actor (Nova Iorque Fora de Horas, Um Lobisomem Americano em Londres) e realizador (do documentário The Center Will Not Hold, dedicado à sua tia, a escritora Joan Didion).

São elas as figuras internacionais de peso que vêm participar em mesas redondas e conversas públicas sobre a relação entre a arte e a sociedade nesta primeira edição do Tribeca Festival Lisboa, a decorrer na "fábrica de unicórnios" do Beato Innovation District esta sexta-feira e no sábado, numa co-produção da estação televisiva SIC e da sua plataforma de streaming Opto com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Aliás, alguns dos nomes fortes ligados ao canal do Grupo Impresa moderarão as conversas, tais como o presidente do grupo, Francisco Pedro Balsemão (que receberá Robert De Niro e Jane Rosenthal no primeiro dia), o humorista Ricardo Araújo Pereira (que debaterá com Whoopi Goldberg), e responsáveis da informação do grupo como o director-geral Ricardo Costa, Marta Reis ou Bernardo Ferrão. Daniel Oliveira, director-geral de entretenimento do grupo, conversará com Daniela Ruah e Ricardo Pereira; o jornalista Rodrigo Pratas falará com Jane Rosenthal e o presidente da câmara Carlos Moedas sobre o impacto cultural das cidades, com Lisboa e Nova Iorque como exemplos.

O Tribeca que arranca esta sexta-feira às 10h no Beato Innovation District é a primeira extensão europeia do projecto, que desde o início pretende impulsionar comunidades locais de criativos e artistas. E não é bem o festival que Robert De Niro, Jane Rosenthal e Craig Hatkoff lançaram em 2002 em Nova Iorque. Tratava-se, nessa altura, de construir um evento cultural que viesse revitalizar aquela zona de Manhattan, desproporcionadamente afectada pelos ataques do 11 de Setembro de 2001 — um festival de cinema independente, versão urbana de Sundance ou Telluride, que não se limitasse ao espaço fechado das salas mas transbordasse para o bairro. Foi uma proposta ganha, mesmo que o impacto puramente cinematográfico do Tribeca — como, aliás, o de muitos outros festivais realizados em território norte-americano — não tenha encontrado igual eco do outro lado do Atlântico.

O Tribeca Festival Lisboa aproxima-se mais do formato que o evento nova-iorquino foi adoptando ao longo dos anos, deixando cair o "Film" da sua designação original. A missão actual do festival é a de "celebrar o storytelling", o modo como contamos histórias de formas antigas e modernas, expandindo-se de festival de cinema tout court a evento cultural alargado a outras áreas — videojogos, séries de televisão, podcasts, conversas. Se, em Nova Iorque, a vertente cinema continua a ser o grosso da oferta, na versão lisboeta deste fim-de-semana é apenas uma entre muitas propostas.

No palco World Stories exibir-se-ão cinco longas-metragens americanas independentes que passaram pela edição nova-iorquina deste ano. Destacam-se A Bronx Tale ​The Original One Man Show, de Chazz Palminteri, onde o actor e dramaturgo (que é também convidado do festival) filma uma representação da peça teatral que deu origem à estreia na realização de Robert De Niro, Um Bairro em Nova Iorque (1993); e ainda Griffin in Summer, de Nicholas Colla, e Jazzy, de Morissa Maltz, que saíram premiados do festival. Mostrar-se-ão ainda Anora, de Sean Baker, vencedor da Palma de Ouro de Cannes em Maio passado, e Ezra Uma Viagem a Teu Lado, de Tony Goldwyn, com De Niro numa participação especial. Ambos terão estreia comercial no nosso país até ao final do ano.

No palco Made in Portugal, cruzar-se-ão o cinema português de grande público (com as projecções de um dos grandes êxitos de bilheteira do ano, Podia Ter Esperado por Agosto, de César Mourão, e de Chuva de Verão, de António Mantas Moura) com a apresentação de curtas-metragens nacionais e de séries televisivas do catálogo SIC/Opto (George, de Sofia Pinto Coelho, e Azul, de Pedro Varela, à cabeça).

O evento verá também a transmissão ao vivo de vários podcasts do grupo (Coisa que Não Edifica nem Destrói, Expresso da Manhã, Geração 70/80/90 ou Posto Emissor) e concertos, com Samuel Úria e Gisela João a actuarem na noite de sexta-feira e Diana Castro e Dino D’Santiago na noite de sábado. Os concertos são os únicos eventos de entrada gratuita, neste festival em que não haverá bilhetes individuais para eventos específicos: apenas estão disponíveis passes diários (75 euros) ou para todo o festival (130 euros). A programação de todo o evento pode ser consultada em tribecalisboa.sic.pt.

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